Texto 52

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Quinquagésima segunda postagem: Thriller - Michael Jackson.

Finalmente chegamos ao final. Confesso que quando iniciei a escrever esses textos, na primeira semana de 2017, não imaginei que chegaria até o final. Imaginei que teria artistas repetidos, que nem todos os álbuns seriam tão bons e que não encontraria disposição para falar sobre eles durante tanto tempo. Bem, eu estava errado. Pra encerrar, trago algo que é mais do que um álbum. É o Thriller do Michael Jackson. Pode parecer apenas um álbum de alguém muito famoso e nada mais, mas não é isso. Estamos falando do álbum mais vendido da história da música. Estamos falando de um negro emplacando sucessos (das 9 faixas, 7 foram exaustivamente tocadas em rádios) em rádios e televisões que abriam suas portas para brancos. Reforço aqui que esse álbum não saiu da Motown, famosa gravadora de negros nos Estados Unidos, e sim, da Epic. Estamos falando sobre um álbum que está desde 2007 na lista do "National Recording Registry", onde ficam armazenados áudios que são "culturalmente, historicamente, ou esteticamente, ou que reflitam a vida nos Estados Unidos". Para termos uma ideia, nesse mesmo ano foram guardados os áudios da primeira transmissão de um transatlântico, os discursos no rádio do Ronald Reagan (ex-presidente dos Estados Unidos) e "Pretty Woman" do Roy Orbison. Então, aqui temos um registro importante e nossa lista de 52 álbuns, encerra-se em grande estilo. Vamos ao Thriller. Uma das 47 milhões de cópias vendidas no mundo.

01. Wanna be starting something.

Caso considere o ritmo dessa faixa bom pra dançar, agradeça ao Brasil. Sim, a faixa é tocada pelo percussionista Paulinho da Costa, nascido em Irajá, no Rio de Janeiro. O cara tocou com muita gente e participou de 6 álbuns do Michael Jackson. Sobre a faixa em si. Sabemos que embora tenha sido um grande artista, a vida pessoal dele foi bastante conturbada. A música fala sobre várias confusões que acabam com a vida da pessoa. Há 2 versões para a letra: a primeira fala que o Michael Jackson escreveu pensando na imprensa e como esta sempre o perseguia, sem tréguas. Em meio às fofocas, temos a citação à Billie Jean (a faixa aparecerá adiante) falando sobre o filho do Michael Jackson. A outra versão fala que a letra foi escrita para a irmã, La Toya, que era envergonhada constantemente pelos demais irmãos Jackson. Não se tem a verdade sobre a faixa e a única pessoa que poderia esclarecer, já morreu. Curiosidade. O refrão tem uma parte assim: "ma ma se, ma ma sa, ma ma cos sas" e isso rendeu ao Michael Jackson um processo por plágio. Um artista de Camarões, Manu Dibango, usou essa parte em um álbum de 1972. Após o processo, houve um acordo e a música ainda contém essa parte até os dias atuais. Primeira faixa e o cara começa com um processo... tem a cara do Michael Jackson mesmo.

02. Baby be mine.

Seguimos com uma faixa soul. Uma declaração de amor para seu amor. Aproveito pra dizer que esse álbum é bem diferente do que já coloquei aqui. Não há grandes histórias épicas, repressão militar, guerras, mitologias, nada. Apenas um álbum com boas músicas populares, simples e boas de serem ouvidas. Depois de 51 álbuns, merecemos. É bem o que temos aqui. Querer estar com a pessoa amada pra sempre e ser feliz. Lembrar que apesar dos obstáculos, o amor fará com que tudo seja superado. Nada mais pop do que isso. Comentário rápido. Que baixo fantástico acompanha a faixa. Groove total.

03. The girl is mine.

Lembra da importância do álbum fora do álbum? Bem, temos um negro cantando com um Beatle aqui. Faixa escrita pelo Michael Jackson e cantada por ele com Paul McCartney. A faixa mostra uma disputa pelo amor de uma menina. Parte curiosa é que os 2 gostaram de gravar juntos e se divertiram. Como a vida do Michael Jackson não era fácil, um dia conversava com Paul McCartney e perguntou o que seria bom para investir o dinheiro que ele estava ganhando. O Beatle falou que era uma boa investir em direitos autorais de músicas, pois música não envelhecia e as boas sempre eram regravadas. Michael Jackson ouviu e seguiu o conselho dele. Comprou os direitos de todas as músicas dos Beatles. Consequências: Fim da amizade e o mundo passou 20 anos sem lançamento de material ou relançamento dos álbuns dos Beatles porque o Michael Jackson não autorizava. Apenas em 1995, com o lançamento da música "Free as a bird", é que o material dos Beatles voltaria a circular. Então, a briga parece que não era por uma garota afinal.

04. Thriller

Chegamos ao ápice. Uma faixa de terror, um clip de terror e uma risada que fazia muita gente nos anos 80 olhar pra trás pra saber se não tinha alguém estranho por perto. Para direção do vídeo, chamaram o diretor do recém lançado "Um lobisomem americano em Paris" e a voz (e a risada) são do mestre Vicent Price. O rap tem, inclusive, a citação de "O cão dos baskervilles". Sem cometer uma heresia, abrir a porta rangendo já era tema de terror desde o Black Sabbath em 1970. Apesar do sucesso, a música não é do Michael Jackson. É do Rob Temperton, que também escreveu "baby be mine" e "the lady in my life", nesse mesmo álbum. No início do clip, há uma informação de que a obra não representa a opinião do artista nem encoraja o estudo do "oculto". Nessa época, Michael Jackson era Testemunha de Jeová, como sua família inteira, e foi bastante criticado pela comunidade pelo vídeo. Michael "desligou-se" da igreja apenas em 1987. Sobre a música. Faixa de terror e uma amostra do poder de um excelente produtor (Quincy Jones) pra conduzir tudo e transformar em uma das músicas mais famosas da histórias da música. E um dos melhores vídeos já feitos também. Se bem que tudo que cerca o Thriller toma proporções enormes.

05. Beat It.

O que colocar em álbum após Thriller? Fácil, coloca outro sucesso. Aqui, com a guitarra tocada pelo Eddie Van Halen, Michael Jackson canta sobre a vida das gangues nas ruas. Parte irônica aqui pois ele nunca soube o que era isso na prática. Ensinado por tutores e artista desde criança, ele cantou uma música baseado em ideias que tinha sobre como deveriam ser as gangues. Nos EUA teve um probleminha com a faixa. A parte "show me how funky and strong is your fight", se não for ouvida com muito cuidado, pode fazer funky virar outra coisa. A frase "Beat It" foi extraída de um musical chamado "West side story", que mostrava a rivalidade entre 2 grupos. Quando os grupos se encontravam, a frase era dita. Mais uma faixa divertida e mais um sucesso nesse álbum.

06. Billie Jean.

Michael Jackson recupera a lembrança de Billie Jean. O nome real nunca foi divulgado mas era uma mulher que jurava que o Michael Jackson era o pai de um de seus filhos. A mulher perseguia o cara e mandava cartas (algo que a geração atual não faz ideia do que seja). Apesar disso, a faixa não deve ficar marcada apenas por esse fato. Lembremos da questão racial novamente. Foi essa música que fez os negros entrarem na MTV americana. Antes, apenas pequenos grupos negros tinham clips exibidos mas sem grande rotatividade. Com Beat It foi diferente. Clip executado diversas vezes por imposição do público, que queria ver a dança do Michael Jackson. Sobre a dança, já falei que tudo que envolve o Thriller fica gigante, ela foi o motivo do Michael Jackson ser convidado para os 25 anos da Motown (gravadora que lançava os álbuns dos artistas negros nos EUA) e foi a primeira vez para 2 marcas do Michael Jackson: a luva branca brilhante e o moonwalk. Letra e música do Michael Jackson aqui.

07. Human nature.

Durante as gravações desse álbum, os integrantes da banda TOTO estavam por lá. Inclusive tocaram em quase todas as faixas aqui. Além dessa contribuição, uma letra foi escrita e dada de presente, entre aspas. A letras estava incompleta e o Quincy Jones pressionou para que ela fosse concluída. Como não conseguiram, chamaram John Betis e ele terminou. A faixa é muito semelhante ao trabalho que TOTO fez no álbum "África". Uma audição na faixa e outra na faixa "África", constaram seu DNA. A letra originalmente escrita foi feita para a filha do Steve Porcato. Ela chegou da escola um dia chorando por ter sido empurrada por um menino na escola. Inspiração vem por todos os lados mesmo. Foi a última faixa a entrar no álbum mas não é a última faixa do álbum.

08. Pretty young thing.

Faixa estrategista. Se um dia alguém quiser saber o que faz um produtor de discos, apresente esse álbum e como ele foi construído. A faixa é despretensiosa e dançante. Ao contrário do que Michael Jackson queria. Quando a primeira versão foi escrita, era uma uma canção pra meio de álbum, para acalmar. Foi mudada para a versão que entrou pois era uma faixa para finalizar o álbum. Estratégia. Janet Jackson e La Toya Jackson fazem os vocais para acompanhar o irmão. Basicamente temos uma faixa do cara que quer ficar com a menina até o fim, essa coisa jovem e linda. Cuidado com o que deseja. Pode dar problema.

09. The lady in my life.

Fechamos o álbum com a garota da minha vida. E essa garota já apareceu em tantas faixas e ainda não está convencida? Para um álbum com tantos sucessos, essa aqui não foi lançada e não ganhou destaque. Não há como reclamar. É uma faixa igual à anterior. Temos um R&B básico e um tema calmo para esperar o álbum acabar. A faixa é boa? Sim. Muito bem interpretada, sem guitarras, sem barulho. De fato, música para ouvir a noite com a amada ao lado. Mas sem o brilho de suas antecessoras.