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Quadragésima quinta postagem: Tuatha de danann - Tuatha de danann.

Depois de muitos álbuns ausente, volta à cena um de meus assuntos prediletos: mitologia. E não trataremos da nórdica. Hoje temos mitologia celta. Começando pelo nome da banda. Tuatha de dannan é baseado no nome Tuatha dé danann (povos da deusa Danu) e eram conhecidos como um povo que usava magia com perfeição. Fica a sugestão para a leitura sobre esse povo e suas batalhas. Bem, não estamos aqui para falarmos sobre a mitologia deles. Estamos aqui para falar sobre essa ótima banda brasileira (sim) e seu álbum de estreia. A versão que está aqui é a de 2016, que mostra o álbum de 1999 e algumas faixas regravadas com novos arranjos. Como há várias músicas repetidas, irei focar nas 08 faixas do álbum original. Curiosidade: a imagem que coloquei é dessa regravação, e não do álbum original. Chega de distrações e vamos ao álbum.

01. Us.

Começando o álbum já mostrando uma introdução que não é apenas arranjos. A intenção da faixa é ser um cântico bardo, que fala sobre a partida dos tuatha dé danann de sua terra original e chegada ao novo mundo (Irlanda). Aproveito para contar que a história desse povo é contada exatamente assim. Chegando de barco à ilha e queimando os barcos para que não pudessem retornar ao seu local de origem. E tudo isso com ótima música.

02. Tuatha de danann.

Coloquei como sugestão que estudassem o tema... bem, não precisa mais. Essa faixa resolve o problema. A explicação sobre o povo está aqui. Gosto da forma como a música foi feita. Fica uma confusão no ouvido. Outro ponto que destaco é a presença dos quatro tesouros trazidos por eles ao chegarem à Irlanda: A pedra de Fal (que gritava quando um verdadeiro rei da Irlanda pisasse nela); A espada mágica de Nuadha (que apenas desferia golpes mortais ao ser usada); Estilingue do deus sol Lugh (famoso pela precisão de seus golpes) e; Caldeirão de Daghda (que armazenada uma quantidade infinita de alimentos). A música encerra na jornada deles para Tír na nóg (terra dos sempre jovens), que é para onde eles vão quando abandonam a Irlanda, segundo a mitologia. Boa faixa.

03. Beltane.

Hora de festa. Beltane é o nome de um festival que acontece sempre ao 1º de Maio na Irlanda, para festejar o início do verão. Durante o festival, vários totens são queimados para que suas cinzas protejam os animais e fazendas. Na faixa há uma junção da rainha e do rei. Isso acontece pois o festival tinha também como simbolismo, a união entre as energias masculina e feminina. O fogo do deus Belenos (cuja chama ativa a criatividade) também é celebrado nesse festival. A faixa é, então, uma celebração dessa festa.

04. The bards of the infinity.

Aqui temos a reafirmação do povo. Sua identidade enquanto criaturas que dominam a magia. Há uma relação entre a mitologia nórdica e a celta aqui. Eles comentam sobre a chegada através dos portais do arco-íris (Bifrost na mitologia nórdica). Há algumas relações que podemos apenas imaginar se são intencionais. O cântico pretende mostrar que os Tuatha dé danann voltarão a ser grandes, após terem perdido a batalha contra Melesias. A música também pode estar fazendo relação com Angus Mac Oc, filho de Dagba, que possuía uma harpa dourada. Outra citação pode ser Badb, deusa que assumia a forma de um corvo. Enfim, há muita informação aqui. O que temos certeza é que eles estão determinados em seu retorno.

05. Queen of the witches.

Faixa dedicada à Morrígan (rainha fantasma). Pelo poder e importância dela, temos um referencial no hebreu. Lilith. Primeira mulher de Adão e criada a partir do barro, assim como ele. Muito bem descrita na música, de fato ela pode transformar-se em um corvo durante as batalhas. O povo pede ajuda a ela para que ela abençoe a espada durante a guerra. Ao final, sua morte é o preço que Morrígan deseja como pagamento.

06. Faeryage.

Essa é sobre Oengus, que citei anteriormente com o nome de Angus Mac Oc. É uma faixa que mostra o poder dele e sua ascendência divina. Sendo ele filho de Dadba com Boann, encantava a todos com sua harpa. Faixa simples que mostra como era a vida durante a era das fadas até a derrocada dos bardos.

07. Oisín.

Outro personagem aparece na mitologia celta. A música descreve a vida dele. Acrescentarei apenas que ele foi o último sobrevivente dos Fianna (jovens guerreiros). Boa parte das histórias é narrada por ele, inclusive um dos mais famosos, Oisín em Tir na nÓg. A relação ente Oisín e sua esposa, Niam, é um poema muito interessante e que pode ser pesquisado em inglês para complementar essa faixa. Explicando o trecho em que Oisin não pode tocar o chão do Eire (Irlanda): quando ele vai para Tir na nÓg, ele fica lá por 300 anos. Quando decide voltar, recebe um cavalo (Embarr) mas com uma condição. Se tocar o chão da Irlanda, os 300 anos avançarão sobre seu corpo e ele morrerá de velhice. Há 2 versões para esse conto. Em uma delas, ele cai do cavalo, conversa com São Patrício (famoso na Irlanda) e morre. Em outra versão, ele sobrevive e registra as histórias em seus poemas.

08. Immrama.

Viagens. É o nome da última faixa do álbum. Immram significa isso e todas têm como objetivo encontrarem terra além da ilha. Seja por destino, amor ou aventura. A faixa pede que danú abençoe o caminho e olhe por ele para que a viagem seja bem sucedida. Detalhe importante é que essas narrativas podem terminar bem sucedidas, como a chegada dos Tuatha de danann à Irlanda, ou não, como no conto da faixa anterior, onde o viajante morre e não consegue retornar ao seu mundo.

Resumo da obra: Senti necessidade de escrever algumas observações: Estamos tratando de música celta. Então os instrumentos remetem a isso. Apesar disso, as guitarras e alguns vocais guturais aparecem (mesmo que não em todas as faixas). Na versão de 1999, há algumas linhas vocais que não ficaram boas mas ainda assim, coloquei o álbum nessa seleção. A intenção dele é falar sobre outros mitos (coisa que me atrai) e mostrar outro tipo de música, para não ficarmos 100% no rock and roll (apesar de termos isso aqui também). Espero que esse álbum ajude a abrir novos horizontes.