Trigésima sexta postagem: Enter - Within Temptation.
Se a última postagem me deixou envergonhado, perceber que não havia escrito sobre Within Temptation me deixa abismado. Tudo bem que não é a minha banda favorita mas não deveria estar tão distante assim. Tive a oportunidade de ver a banda ao vivo em Recife em 2014 (28 de Novembro) e foi um show onde tudo estava perfeito. Within Temptation pertence ao subconsciente já por ter pertencido ao período de mudança pessoal e talvez por isso ela apareça nesse instante. Pode ser que outra mudança esteja se aproximando (nem que seja a crise dos 40, já que não tive a dos 30). Bem, escolhi o Enter por 2 motivos: 1. Álbum de metal. Som de metal. Música pesada, densa e gostosa de ouvir e; 2. Essa fase da banda é bem diferente da atual. Aqui, temos a mulher como protagonista ao lutar pelo seu amor (diferente dos álbuns do Within Temptation que seguirão onde a mulher apenas lamenta por não poder viver seu amor). É claro (ehheehh) que esse é meu álbum favorito da banda (embora goste muito do acústico). Sem enrolar mais, vamos ao álbum da semana.
1. Restless.
Piano muito legal para introduzir a faixa. Clima melancólico se aproxima. E então, Sharon começa a relatar uma bela sequência. Porta aberta, um abraço, um sorriso e de repente, o passado e o presente na cabeça dela se misturam. O amor que havia antes reaparece como um fantasma que a confunde. Linda declaração quando ela fala que todo o amor foi dado a ele. Isso para quem gosta de um bom doom/gothic metal (culpado aqui) é uma delícia de ouvir. Costumava falar nessa época que músicas assim eram "toda dor do mundo" de tão bom. Bem, essa porta aberta... posso entrar?
2. Enter.
Bem, já que a porta está aberta... mas a recepção não é das mais amigáveis. Temos um momento importante na faixa. Temos a voz masculina (gutural na veia) atormentada por estar se afastando de sua amada, ao mesmo tempo em que ela pede para que asas sejam dadas a ela, com o objetivo de fugir dessa torre em que é mantida presa. Uma vez que o amado está em um portal, fora desse plano, ela quer asas para se juntar a ele. Ótima faixa, pesada, densa, se alguém quer entender do que se trata uma boa faixa gótica, essa é um bom exemplo. Sigo lembrando que é a mulher quem toma as decisões na faixa. O homem está sendo levado embora. Ela decide ir atrás dele.
3. Pearls of light.
O clima da faixa é bonito. Dá pra imaginar o sol batendo na água e os reflexos brilhando. Essas são as pérolas. Recuperemos que estamos em uma viagem, uma busca. O mundo em que ela estava era brutal. Esse é tranquilo, belo. É uma distração apenas. Esse mundo transmite paz e é onde desejo ficar. Infelizmente, não é essa a jornada. Devemos deixar as pérolas para trás e seguirmos adiante. Sem distrações.
4. Deep within.
Voltamos ao mundo violento e a faixa acompanha a transição. Guitarras pesadas abrem a faixa, seguidas por um gutural no melhor estilo "aqui estamos". Aqui, talvez consigamos entender a metáfora da faixa passada. Todos temos um lado negro. Desejos obscuros. Uma atmosfera diferente causada por essa encantadora (em inglês teria ficado melhor essa parte... an enchantress, damn you português). Quando ela se afasta, toda luz deixada se vai junto, a melancolia que não havia se instaura. Nada faz sentido. Apenas é sentida a falta.
5. Gatekeeper.
Faixa que casa com a 3. Assim como a 4 casa com a 2. Aqui veremos o que fez o amor dela ir embora. Uma força de olhos negros (ainda bem que os meus não são) surge para deixá-la sozinha (ou pelo menos sem ele). Faixa cantada com gutural pelo Robert e voz feminina pela Sharon, que coloca o sentimento de perda com revolta durante a música. Luta desproporcional. Não houve batalha. Morto sem poder lutar. Essa força, é a dona da chave. Enquanto for o dono, nunca haverá batalha.
6. Grace.
Vamos seguir com as consequências da faixa anterior. Temos um retrato de uma luta perdida. Não há redenção, não há honra. Apenas destruição. Gosto da parte feminina. Ela observa o derrotado, vê suas feridas mas não pode ajudar. Sente que as almas deles estão frias, ressentidas, e impossibilitadas de se redimirem. Então percebemos o pedido dele. Ajude-me a levantar.
7. Blooded.
Faixa de transição. Gosto de pensar que aqui o homem já está preso do outro lado do portal e a mulher percebe o que fez com que ele fosse derrotado. Ao não aceitar a derrota, ela planeja se vingar.
8. Candles.
Uma observação. Se a pessoa tem o álbum em sua primeira tiragem, este encerra-se nessa faixa. Aqui, segunda tiragem e com faixas extras. Ainda bem. Essa é minha favorita do álbum na primeira tiragem. Começamos imaginando um cenário de praia. Vento soprando... e de repente, ela se lamenta. Pede para que as mãos frias se afastem (sempre frias)... agora é o vento frio quem apaga as velas da vida dela. Apenas o medo é sentido e com o fim do brilho das velas, não há esperança de se continuar. Do outro lado, ela ouve o seu amor falar que esse frio durará mil luas escuras. Que mesmo que o calor da vela ainda queime, com o vento frio, todas irão apagar-se até não restar nem vestígios de calor em seu coração.
9. The dance.
Primeira faixa que ouvi da banda. Apenas a partir dela, eu já gostei do conceito. Há um clip da música mas ele não presta... único clip da banda que não é legal. Mas gosto muito dessa faixa. Temos a voz de bruxa aqui (sem ofensas, é o tom ideal) e um gutural excelente. Parte do gutural primeiro. Sentir o cara urrando pela sua amada, lembrando que ela pertence ao coração dele e que ela é única, é emocionante. Para a parte dela. Ela o lembra que tenha fé. Que tudo que foi feito foi para que as lágrimas cessassem.
10. Another day.
Um outro dia. Nada como um dia após o outro. Essa faixa é bem direta. Eu sei que você está indo embora, eu carrego meu amor mais um dia, em meus pensamentos você está comigo, eu me apaixonei pelo seu jeito. Bela Sharon mandando bem nos versos. E ela continua lembrando que sabe que ele está indo embora e deixa um vazio na minha alma e em meu coração. Já comentei isso em outros textos mas é bom lembrar. Nada como roqueiros apaixonados para expressarem isso na forma mais desesperada que conhecem. Aqui, há o entendimento de que onde quer que o amor dela esteja preso, ele está morrendo e ela deve continuar sem ele. Mesmo com o vazio, mesmo com toda a solidão acompanhada, nada mais pode ser feito.
11. The other half (of me).
Aqui finalizamos o álbum com extras. Você é a outra metade de mim. Já digitei qual a minha favorita? Espero que não pois essa é. Aqui temos a esperança de que ainda possam ficar juntos. Ainda resta um caminho. Faixa com diálogo entre ele e ela. Ele lembrando que todo esforço termina em morte (como já aconteceu em outras faixas) e ela lembrando que ele desiste muito fácil. Ainda há um caminho. Então temos ela decidida a tentar de tudo para ficarem juntos enquanto ele é tomado pelo medo. Ele a lembra de que quando cair, será ela a sangrar. Ela o lembra que se for pra morrer, que seja ao lado dele. Apesar da diferença de sentimentos, os 2 se unem pra dizer que "você é a minha metade". Não poderia encerrar da melhor forma.