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Trigésima quinta postagem: Century child - Nightwish.

Envergonhado por essa numeração. Nightwish é uma das minha bandas favoritas e veio parar em uma posição muito abaixo do que ela realmente representa. Embora não tenha visto a banda ao vivo, já pude ver Tarja (vocalista neste álbum ainda) ao vivo e impressiona a forma como ela canta. Poderia ter pego qualquer álbum do Nightwish mas escolhi esse por ser aquele que mostra o que foi a banda durante o período de Tarja Turunen. Momento de escrever e descrever o que tem nesse bom trabalho da banda.

01. Bless the child.

Começamos com um poema que indica uma morte (tema que será recorrente aqui, metaforicamente ou não) e renascimento. Durante o álbum isso pode ser esclarecido mas nessa primeira faixa temos um amor novo, que morreu sem ser vivido plenamente. Por isso o vazio de não se sentir outras emoções, outras risadas, outros prazeres. Tudo que deveria ser vivido, deveria estar naquele amor. Se Deus assim permitir, que ele abençoe para que este retorne. Mesmo que como uma lembrança. Se for como lembrança, cabe o questionamento: Por que amar como eu te amei é um pecado? Se o tempo apenas nos trará pó e esquecimento, justifique não poder viver esse amor mais uma vez. Gosto da metáfora ao final onde a criança (amor) é apenas uma ilusão. Passa a sensação de que após a perda, nada mais virá de ganho.

02. End of all hope.

Que música gostosa de ouvir e poderosa. Ela é uma continuação de Bless the child. Lembrando que ao se perder, nada se ganha... temos o fim da esperança. Acabar com a inocência me fará uma nova pessoa. Como é uma continuação, temos que o nascimento da esperança é necessário para deixar toda dor causada pelo mundo imperdoável à mim. Quando tudo tiver fim ficará apenas o silêncio (Arnaldo Antunes tem isso na faixa "O silêncio"). Que do nada, tudo possa renascer.

03. Dead to the world.

Parece a continuação óbvia. Não gosto das obviedades mas essa é interessante. O álbum vai esclarecendo que a criança é metáfora para a inocência. É ela quem se perde ao longo da vida, fruto das experiências vividas, e nunca mais volta. A menos que possamos reencarnar (não cabe a discussão religiosa, apenas citando a hipótese). Uma vez que estamos mortos para o mundo, o que nos cabe é pedir para que possamos voltar ao mundo e aproveitarmos a inocência que, antes perdida, agora nos fará felizes novamente.

04. Ever dream.

Toda banda precisa de uma balada e essa é uma das melhores do Nightwish. Deixando a inocência perdida, aqui fica um pedido: Sonhe comigo. Sinta-se longe se eu não estiver perto e saiba que meu amor está aqui repousando à espera do seu coração. Gosto das bandas de metal quando resolvem escrever sobre amor(es). Saem declarações tão bonitas que devem ser verdadeiras. A faixa é simples e profunda. Sinta-se longe comigo. Apenas uma vez. É apenas o que te peço.

05. Slaying the dreamer.

Lembra da declaração linda pedindo para que sonhe comigo? Bem, como toda inocência perde-se, todas as imagens das faixas anteriores são transformadas em coisas ruins. No sonho, queria um barco onde poderias deitar seus lacrimejantes olhos. De repente, o barco é apenas um bote em um mar de remorso e cobiça. Mais uma vez a inocência deve morrer. Aqui temos uma estaca cravada no peito pois tudo era um sonho (aliás, dito na primeira faixa) e o que fica é apenas a ilusão de um garoto bobo, escrevendo romances no papel sem jamais colocar em prática o que escreve. Lamentável quando isso acontece.

06. Forever yours.

Uma balada não foi suficiente e aqui temos a segunda do álbum. Memória afetiva ligada neste instante. Certa vez estava falando sobre Literatura e tocando no pensamento pessimista da geração romântica (nada mal para um matemático). Para mostrar como ficava o amor após se perder, usei essa música como exemplo. Escolha fácil. Temos o desejo pela morte apenas para que possa ficar junto à pessoa amada para sempre (título da música denuncia isso). Linda letra com trechos como "não há mais amor em mim, nada que me faça ver o céu acima. Que minha hora chegue, para que possa ser sempre seu (sua)". Enquanto a hora não chega, o que quer que ande em meu coração, andará sozinho. Se essa letra não demonstra o vazio que se sente quando o amor se vai, preciso de outra sugestão.

07. Ocean soul.

Seguimos no barco (bote) e aqui vemos uma mudança no luto. Enquanto o tempo de ir não chega (faixa anterior) buscarei a devoção. Devoção? Sim. Fica bem claro na faixa ao ter a escolha pelo vestido branco e a intenção em misturar-se com o mar. A devoção é tão bela que o nome da pessoa é cantado pelo mar, por anjos e essa melodia fere por trazer à tona as memórias e a certeza de que nunca mais viverá aquilo novamente.

08. Feel for you.

Faixa explicativa pois em algum momento alguém pode afirmar que tamanha entrega ou devoção não justifica-se. Parece-me óbvio que não mensura-se sentimentos (visto em alguns casos nem ao menos entender a extensão dele) mas a faixa revela o motivo de tamanha tristeza. Embora as figuras de linguagem aqui sejam fortes (talvez para representar o poder desse amor), é o primeiro amor que está retratado aqui. Aquele amor que se espera uma vida inteira, o lírio entre espinhos e a presa entre os lobos. Agora apenas o frio permanece.

09. The phantom of the opera.

Eu tive a sorte, chance, oportunidade e faltarão palavras para descrever o que eu tive... Só sei que pude ver Tarja cantar essa música ao vivo. Isso vai estragar qualquer comentário que eu possa fazer sobre essa faixa. Música que veio da ópera de mesmo nome, e que na minha humilde opinião, não tem versão melhor que essa (talvez a versão ao vivo no DVD "End of an era"). A versão de estúdio contida no álbum não mostra a parte mais bonita que é Tarja atingindo notas altíssimas ao final (ouvi ao vivo em show e acreditem, não dá pra descrever). Faixa pra ouvir várias vezes.

10. Beauty of the beast.

Faixa que combina com a anterior. Essa é um resumo de tudo que foi vivido e de toda saudade que sente-se. Vou destacar uma parte da letra: "todas as minhas canções só podem ser compostas da maior das dores. Cada verso só pode nascer do maior dos desejos. Eu queria ter mais uma noite pra viver". Ao final da faixa, e do álbum, a revelação sobre o que era esse bom trabalho do Nighwish. Tudo era apenas um poema de um pobre garoto que nem conseguiu escrever um fim para cada um deles. Comentário rápido. A faixa comenta a Christabel. Esse é o nome de um poema de duas partes, do Samuel Taylor Coleridge, que nunca foi finalizado. Assim como esses poemas.