Trigésima segunda postagem: Prison of desire - After Forever.
Fazendo o inverso. O último texto sobre o Epica citava algumas músicas que eram continuação de letras sobre as religiões e seus desvios. Essa semana trago o início dessas músicas no álbum de estréia do After Forever. Infelizmente a banda não existe mais e quem gostar da vocalista, Floor Jansen, vai encontrá-la atualmente no Nightwish.
01. Mea Culpa (The embrace that smothers - Prologue)
Meu toque de despertador. Verdade. Música inteira em Latim mas vamos lá. A faixa é um pedido de perdão por todos os atos cometidos. Faixa no estilo do Gregório de Matos (pode ter fim todo o pecar mas não Seu perdão). Bom início.
02. Leaden legacy - The embrace that smothers - parte I.
Aqui começam as faixas sobre religiões. Lembrando que falamos sobre religiões e não crenças. Aqui começamos com o legado deixado por Deus para a humanidade. Legado para vivermos e sermos felizes, mas que não conseguimos por vivermos presos ao passado do pecado original e sempre nos considerarmos indignos de viver assim. Outra parte dessa incapacidade de sermos felizes é a da superioridade. Acreditamos que somos superiores e entramos em relações de poder em nossas relações pessoais e políticas. A manipulação religiosa é bem mais fácil de ser percebida hoje. Mal sabem que é apenas um teatro. Um dia acordarão e verão a luz. Parte recomendada da música: "Não podemos ser o que você esperava que fossemos".
03. Semblance of confusion.
Aqui vemos a transição da infância para a fase adulta. Sem adolescência e justifica-se isso nas outras letras que compõe o "Embrace that smothers". Adiantando aqui para quem não vai ler as outras, falamos sobre o abuso (pode ser de vários níveis e formas) e como as mentes (ou corpos) vão sendo abusados ao longo dos anos. Lembro especificamente de fanáticos religiosos na auto mutilação para dirimir seus pensamentos impuros.
04. Black tomb.
Essa eu gosto. Mistura o lado da salvação e da perdição. Temos uma faixa para a retratar a redenção. O ser superior reinará quando a tumba escura (não é negra pois retrata a escuridão dentro dela) se fechar. Aqui lembro do Deus do velho testamento (aquele mais nervoso) pois temos que as almas voltarão para que possam ter sua vingança contra os espíritos do mal que as tormentaram em vida. Que morram todos no fim dos tempos, rastejando. Lembra Alexandre, o grande. Não basta que eu vença, meus inimigos têm que perder.
05. Follow in the cry - The embrace that smothers - parte II.
Pelo ritmo da faixa, ela já delimita qual a religião será citada. Essa fala sobre a purificação (detesto o santo nome em vão) do mundo. Todos que macularem o nome de Alá, devem sofrer pela espada. Para isso, entrego minha alma e faço minha vida ser subordinada à sua. Que todos que tenham pensamentos nefastos sejam enforcados e que Alá tenha misericórdia de suas almas. Basicamente não tem como entender que em um povo miserável, economicamente falando, as ideias religiosas extremistas façam sentido. Quem não tem o que perder, de nada sente falta.
06. Silence from afar.
Boa letra. Independente da intenção quando o autor escreveu-as, uso sempre para motivação (acreditem, dá). Quando tudo parece que vai dar errado, tudo/todos lhe puxam pra baixo, aí vem essa faixa e lembra que perseverando, nada lhe puxa para baixo. A faixa na verdade fala sobre a tristeza sentida pela mulher ao perder seu marido, sob o ponto de vista dele (na parte em Latim fica clara a intenção). O nome da faixa já ajudaria a entender isso (silêncio distante).
07. Inimical chimera.
Vamos ao metal animado. Aqui um ponto mitológico. Entrando a Chimera (Quimera) como personagem à caça de uma deusa que foi abandonada por seu deus maior e que agora, enfrenta à morte. Na verdade a ideia aqui é mostrar que todos somos suscetíveis a sermos dominados pelo mal, quando deus nos abandona.
08. Tortuous threnody.
Voltamos ao tema mitológico (não que as outras não o tenham). Vamos começar por explicar o termo trenodia. Trenodia é uma ode triste ou um canto fúnebre. Aqui temos a continuação da faixa anterior. A mente perdida em uma trenodia, mas com o tom de redenção, como se após entrar na tumba de uma das faixas anteriores, a escuridão fosse a salvação. Deve-se entregar à rainha (morte) aquele amuleto que ela tanto deseja (seu coração simbolizando a vida). Mas não sinta-se triste. Sua história será cantada a todos os que queiram ouvir. Quanto à você, irá se perder no reino da morte. Eu sempre imagino que essas letras deviam virar contos. Tem narrativas tão boas. Quem sabe?
09. Yield to temptation - The embrace that smothers - parte III.
Lindo início com coral e o lembrete que o juramento não deveria ser quebrado. As tentações existem, cuidado. Como não cair em tentação quando todos ao meu redor caem e nada acontece? Embora tenha a temática religiosa aqui, isso pode ser aplicado em outros aspectos da vida. Na última parte dessa sequência, pediu-se para abrir os olhos em busca da iluminação para que não seja fantoche, não seja manipulado. Então embora a tentação apareça, devemos resistir para não cairmos. Mesmo as religiões que empurram ensinamentos "puros", estão contaminadas por crimes e/ou pessoas mais pecadoras do que as que elas julgam.
10. Ephemeral.
Faixa quase de despedida. Momento de perdição. O que fazer durante uma situação "o que eu quero" e "o que devo fazer". Apesar de mostrar-se forte, por dentro a fragilidade grita e clama por ajuda. Quando o que sonhamos não é realidade e os castelos esvaem-se de forma lenta e dolorosa. Tudo é um conto de fadas, todos os sonhos se vão. Tudo se acaba. Hora de partir.
11. Beyond me.
Chegamos ao final. Aqui um dueto com a bela Sharon den Adel, do Within Temptation, conta uma perseguição. Pelo contexto do álbum é o fantasma que volta para atormentar sua vida. Pode não ser bem um fantasma. Essa aqui eu entendo bem. Quando estamos sozinhos, sem suporte, presenças são sentidas, sussurando em seu ouvido, sente-se aquele vento frio que causa arrepios e que causa desespero, medo e seus sentimentos semelhantes. Pede-se para que nos deixe em paz mas essa presença é sentida durante todo dia. Por isso na faixa é citado que espíritos da morte sussuram meu nome e alimentam-se do meu medo. Isso é passado. Mas é bom lembrar. Até os próximos sussuros.