Texto 31

Criar uma Loja Virtual Grátis
Texto 31

Trigésima primeira postagem: The phantom agony - Epica.

Texto relutante. Foi uma semana movimentada e a mudança de idade causaram uma pequena confusão em minha cabeça. Fiquem em dúvida se iria para esse álbum ou escolheria outro. Para evitar problemas, mantive a ideia original. Resumindo o que encontrarão pela frente, posso falar que é o que um álbum deveria ter antes de ser lançado: Letras e música. Recomendo o DVD chamado "We will take you with us" que apresenta várias dessas músicas. Bem, vamos ao primeiro álbum do Epica.

01. Adyta (The neverending embrace).

Vamos começar com uma explicação básica sobre o título. Adyta é uma palavra originalmente grega e significa "lugar de adoração". É um lugar reservado para os altos sacerdotes. E pra completar, a faixa é escrita em Latim. Álbum de metal que começa com Latim já merece uma nota 10 antes mesmo de ouvir as faixas.

02. Sensorium.

Aqui começa o álbum. Essa faixa conceitua bem o que leremos durante as 9 faixas. Mostra como nossa vida está determinada e a humanidade não aceita. Entende que foi criada para um propósito maior. Entende-se que esse é o tormento da vida. Entender que deve fazer grandes coisas mas não sabe o que fazer. E assim perde-se ao longo dos anos. Uma jornada sem fim.

03. Cry for the moon (The embrace that smothers, part IV).

Parte IV? Pois é. Começa a história no álbum de outra banda. E aqui aproveito para fazer algo inédito. Semana que vem, trarei o álbum com o início da saga. Aqui, uma música muito boa sobre um tema sério: "Abuso de crianças pela igreja". Todos os versos tratam como a igreja acusa as pessoas de serem pecadores, enquanto seus clérigos cometem os mesmos pecados. Aqui é feita uma comparação com a maçã do éden, que é maculada pelos padres, com um rosto jovem. Nada de ir com calma. Letra direta.

04. Feint.

Uma das melhores. Lembrando a origem holandesa da banda, temos uma música dedicada ao Pin Fortyun, influente político holandês (ou neerlandês, vai saber) que defendia a igualdade social e de direito, como os direitos dos homossexuais. Esse cara foi assassinado e a letra mostra, de forma poética, a perda social. Gosto da parte "cada batida de seu coração quebra as mentiras em pedaços" e adiante: "Cada onda no lago faz a porcelana quebrar, e eu tremo." Versos bonitos e muito bem interpretados. Vale a pena ouvir essa faixa, agora com o contexto.

05. Illusive consensus.

Tem Tarja Turunen na faixa... claro que independente disso a faixa é boa. Aliás, uma vez que as 2 mulheres possuem timbres semelhantes, talvez a faixa perca um pouco de sua potência por isso. Sobre a faixa, uma história de amor. Temos uma parte em Latim: "Primo somniare videbamur, deinde veritas se praecipitavit"(primeiro achamos que é sonho, depois transforma-se em realidade). Muito boa e lembra que o amor é o dispositivo que combate a solidão. Identifiquei-me com o trecho.

06. Façade of reality (The embrace that smothers, part VI).

Faixa sobre os atentados terroristas. Independente de país. Retoma a ideia do álbum onde as pessoas criam religiões em busca de um significado maior para a vida (mesmo que ela já esteja desenhada com início, meio e fim). Entre essas criações, surgem religiões que medem a importância das pessoas ou a pureza de sua fé. Esse é o problema. Pessoas que nada têm a ver com religião, aproveitam-se dessas seitas e recrutam fiéis para exterminarem as religiões inferiores e seus súditos ou seguidores. Destaco a frase "tanto faz onde morremos, tanto faz se você chorará. Levaremos você conosco". Faixa para, no mínimo, uma reflexão.

07. Run for a fall.

Uma balada para relaxar. Claro que tem uma reflexão bonita. Faixa sobre a dificuldade em aceitar o fim das coisas. Difícil escolher um verso que mostre a ideia central. Tentarei escrever de outra forma. Muitas vezes trocamos a vida pessoal pela profissional. Isso é explicado por 2 motivos: cego pelo sucesso e surdo pelos aplausos recebidos. Vive-se para outras pessoas e ao final, perde-se o que de fato é importante. Nem sempre a vida pessoal lhe aplaude e essa carência é preenchida, erroneamente, por vagos elogios que ao fim, não importam. E assim, corre-se para a queda ao final.

08. Seif al din (The embrace that smothers, part VI).

Religião aparece novamente aqui. Diretamente falando sobre o islã. A espada da fé (seif al din) sempre afiada para eliminar todos que duvidam do poder de Mohammed rasul Allah (Maomé, profeta de Alá). Como aparece em outras letras, se a missão é purificar o mundo, tanto faz quem morre para que Maomé e Alá sejam louvados.

09. The phantom agony.

Aqui a reflexão final do álbum. Se não temos a vida que gostaríamos de ter, pois a nossa já está definida, então somos apenas fantasmas vagando pelo mundo? Sendo assim, qual o sentido da vida se todos morremos no fim? Se o futuro nunca é alcançado, pois sempre está na nossa frente e o passado não pode voltar, o que é o presente? Dormimos a noite ou durante o dia apenas estamos compartilhando o mesmo sonho com outras pessoas? Essas perguntas são provocações para a pessoa ao terminar de ouvir o álbum ficar pensando sobre ele por um bom tempo. Eu defendo a ideia de que tanto faz de onde viemos ou para onde vamos. Adoro a jornada entre os 2. Sem a agonia do fantasma.