Vigésima oitava postagem: Mudança de comportamento.
Nada como visitar um velho amigo. Confesso aqui que não me decidia entre esse e o "vivendo e não aprendendo". Escolhi esse por questões bem práticas. É o primeiro álbum com o nome IRA! com exclamação e ela aparece para justificar a mudança citada. Álbum bem bacana e com faixas icônicas que já tive a chance de ouvir ao vivo em duas ocasiões, versão com guitarras e acústica. Vamos ao álbum.
01. Longe de tudo.
Nada melhor do que começar o álbum deixando claro o que provoca essa mudança. É ficar longe de tudo que faz mal. Nesse caso, é o longe de você (que é tão diferente de mim e que apenas causou mal) que motiva. Gosto da forma como ele mostra a diferença entre as duas pessoas. Simplesmente com saídas à noite. Interpretaria isso como personalidades opostas. De forma bem singela.
02. Núcleo base.
Essa é a cara do alistamento. Cantava muito essa música quando estava perto da idade pra me alistar. Engraçado que a música fala bem sobre como a vida muda depois do alistamento. Atualmente nem acontece mais isso. Exceto se ficar pra servir. Não foi meu caso. Alistei mas não fiquei. Concordo com a letra na parte do "eu quero lugar mas não com essa farda". Gosto de servir mas não dessa forma.
03. Mudança de comportamento.
Lembra da primeira faixa? A separação? Essa faixa mostra a consequência. Sinceramente, deveria ser a segunda faixa do álbum. Gosto de paradoxos e deixei isso claro em outros textos. Aqui temos um ótimo. Enquanto ele muda o comportamento devido à distância, aqui ele faz uma jura de amor indecisa. Mais uma frase pegajosa do álbum. "Eu morreria por você, na guerra ou na paz".
Morreria não. Melhor a primeira faixa.
04. Tolices.
Que álbum romântico. Agora o isolamento que era festejado e que depois virou dúvida se tinha sido a melhor escolha aparece como tolices. Os pensamentos sobre o que foi vivido (apenas da parte dele) e a vontade de ter contato com ela ainda (mesmo sabendo que isso apenas é uma ilusão) mostra uma fragilidade enorme desse cara. Acho muito interessante essa visão que muitos álbuns trazem pois o rock sempre esteve associado às coisas ruins como drogas, demônio, entre outras coisas. E até agora não lembro de ter colocado algum álbum com esse tema (embora algumas faixas do Black Sabbath sejam assim e a postagem sobre o Alice in Chains tenha passeado por aí). Mas rock não é apenas o lado negro da vida.
05. Coração.
Essa é jovial. Quase inocente. Essa fala sobre o jovem que não se importa com nada e que vive pela liberdade de ser jovem. Pobres jovens de hoje que não tem esse filtro do que é proibido e do que é permitido. Tudo pode. Isso vai formando uma geração de alienados.
06. Saída.
Seguimos na toada jovem. Aqui temos a fuga da responsabilidade e a rebeldia. Essa eu sinto vontade de falar quando os dias no trabalho não estão bons. Aquela vontade de jogar tudo pro alto e ir bater perna na rua sem preocupações com horários ou regras. Como eu não faço isso... então uma parte do espírito jovem morre a cada dia.
07. Ninguém precisa da guerra.
Conflito de gerações na faixa. Os velhos não entendem os jovens (isso em qualquer era será dessa forma) e a faixa mostra o deboche dos jovens sobre isso. A associação de velhos e guerra me lembra "a canção do senhor da guerra" da Legião Urbana. Como se ela motivasse os velhos a continuarem vivendo. Já o jovem não. Basta acordar cedo com sorriso toda manhã. Tem uma crítica ao militarismo nessa faixa. Casando com Núcleo Base. Destaco inclusive a batida militar durante essa citação. Boa faixa.
08. Por trás de um sorriso.
Eu sempre associo a faixa aos políticos. Mas também pode estar falando sobre a sociedade alienada dominada pela mídia. Assisti à alguns seminários que tratavam da relação entre mídia e poder. A manipulação existe, embora não seja paranoico sobre isso, mas basta acessar a informação partindo de várias fontes para que formule sua opinião sobre o mundo. Siga o conselho da faixa. Retire a venda, é preciso ver.
09. Como os ponteiros de um relógio.
Gosto demais dessa faixa. Pode não ser a mais famosa do álbum mas é uma das minhas favoritas. Vejo o ciclo da vida nessa faixa representada pelos ponteiros do relógio. No sentido de como voltamos às origens. Recomendo demais essa faixa. Pelos ponteiros, estou passando da meia hora.
10. Sonhar com quê?
Essa é outra excelente faixa. Mostra a falta de expectativa do jovem e como ele vai vivendo uma vida sem significado. Como se a vida de adulto e as responsabilidades matassem aquele espírito jovem antes imbatível. Essa faixa isoladamente já seria ótima. Torna-se excelente quando colocamos na sequência das faixas 08 e 09 e imaginamos uma faixa apenas. Essa é minha sugestão. Passa a mensagem mais claramente.
11. Ninguém entende um mod.
Mod? Vamos lá. Foi uma subcultura da década de 50 e cuja característica principal eram os jovens preocupados com as roupas alinhadas, ternos, remontando à burguesia feudal. Esses grupos de jovens ouviam rock psicodélico e consumiam muitos alucinógenos (LSD por exemplo). Pelo estilo de roupa, podemos comparar com os dândis já explicados no texto sobre Engenheiros do Hawaii. A faixa retrata esse estilo dos mods. Acho que esse estilo mod apareceu novamente com os emos. Porém, de forma bem mais brega nesse último caso.
Encerramos por aqui. Álbum de rock e lembrando que dia 13/07 temos o dia do Rock. Semana que vem texto com um álbum que não é rock no ritmo mas é rock na atitude.