Vigésima primeira postagem: Superunknown - Soundgarden.
Pensei bastante antes de escolher esse álbum. Uma exceção seria feita e apenas precisaria escolher qual: Um álbum que não possuo fisicamente ou escrever sobre uma coletânea. Optei pela primeira opção. Fazendo uma alteração ao texto. Não possuía... faz parte da coleção agora. Em algum momento escreveria sobre as quatro bandas de Seattle e lamento que seja para lembrar que mais um vocalista se foi (sobra apenas o pearl jam). Vamos ao álbum.
01. Let me drown.
Não vamos colocar mensagens ocultas onde não existem. O cenário de Seattle era de decadência e isso provocava boa parte das letras das bandas desse período. Temos uma faixa de abertura com o tom de um hard rock com uma letra que fala sobre a salvação e a recusa por ela. O "drown" pode ser o afogamento do batismo que está sendo recusado pois na faixa prefere-se desaparecer de vez.
02. My wave.
Se quer aprender o que é um riff, ouça essa introdução. Vai passar um dia inteiro ouvindo a guitarra. Aqui vamos para uma música onde o tom é o "faça o que quiser, desde que não me incomode". Destacaria o lado religioso de novo. Reze se quiser rezar, se gosta de ficar ajoelhado e acomodado. Gosto da pegada da música e da ideia da letra. Minha onda é minha.
03. Fell on black days.
Minha favorita do álbum. Daquelas que ouve-se seguidas vezes. Justifico. Cair em dias negros ou estar em dias negros causa a sensação muito bem descrita na faixa. É ajudar e não ter quem lhe ajude. É desenvolver algo que ninguém se importa. É dar-se sem que a pessoa valorize. Mesmo a mudança entendida como necessária na faixa é difícil de ser entendida pois, ao cair nos dias negros, nada importa. Essa é pra ouvir e pensar a respeito.
04. Mailman.
Carteiro? Excelente complemento para o que se sente na faixa 03. Aqui todo o isolamento colocado vira um estado depressivo e a criatura que nos arrasta para o fundo quer que lembremos que o mundo será um lugar melhor se não estivermos aqui, já que trazemos o que há de pior no mundo. Isso tudo é citado com uma faixa com tom pesado e lento, para dar um clima de velório.
05. Superunknown.
Colocar o nome da faixa é mais difícil do que ouví-la. Aqui a faixa explica o álbum pois tudo reina no (super)desconhecido. Aqui, nada importa. Esse desconhecido rouba sua vida, começando pela sua mente. Combina com tudo que foi colocado até agora. Gosto da visão de mundo que a faixa apresenta. Se você não se sente preso, não significa que está livre. Se não se sente triste, não significa que está feliz. Pense sobre isso e reflita se gosta de ajoelhar-se.
06. Head down.
Música sobre submissão. Confesso que parece com a temática da música "Sweet dreams" do Eurythmics. Só a parte de que quem se aproxima, quer lhe usar. Cabeça baixa para mostrar que aceita tudo é o foco. Aceite tudo que lhe derem. Lamente-se mas entenda que nada mudará. Ao final, o ritmo muda e há uma tentativa de superar tudo isso. Não baixe a cabeça. Levante-a pois tem que sorrir e mantenha a cabeça alta como se ouvisse uma música. Música realmente me faz levantar a cabeça, se for boa.
07. Black hole sun.
Certamente a mais famosa. Engraçado como uma faixa fora do contexto é diferente. Black hole sun é um apocalipse mas sem o contexto, não fica claro o motivo de buscar-se esse apocalipse. Contextualizando, é o sol que trará a mudança ou esperança para ele. Por isso esse sol afastará essa chuva (onde andamos com a cabeça baixa e onde ficamos um pouco tristes, poeticamente falando) e permitirá um recomeço.
08. Spoonman.
Dentro do universo do desconhecido o heróis chega. Sempre ouço essa música pensando em um super herói com um codinome diferente. O barulho das colheres ao longo da faixa me diverte. Dentro de todo peso do álbum, classifico essa como uma divertida transição.
09. Limo wreck.
Temos um poema aqui. A melhor letra do álbum e um clima de filme de terror na música garantem uma faixa para ser lida e não apenas ouvida. Temos um conflito(interno?) e sente-se que esse conflito acabará com todos, exceto comigo. Contextualizem isso com o que foi escrito antes (façam o que quiserem mas não me incomodem) e perceberão que há algo ou alguém olhando tudo e quando o mundo se acaba, todos correrão para ele (Ele?). Nota 10 para essa faixa.
10. The day I tried to live.
Como uma faixa começa motivando e depois desmotiva? Quando ele fala que deve-se levantar a cabeça e aproveitar o dia, acaba-se vivendo entre os rejeitados (sendo mais um) e nada garante a esperança pois ao final do dia, apenas a morte nos aguarda. Se assim é o dia em que se tenta viver, o que sobra?
11. Kickstand.
Maldito controle. Música para lembrar que enquanto a vida quer me controlar, quero controlar a vida.
12. Fresh tendrils.
Essa é um ponto fora da reta. Faixa que fala sobre pequenos prazeres que sentimos ou que nos permitimos e posteriormente nos sentimos culpados por eles. Voltando ao tema depressão. Essa faixa poderia ser um aspecto da depressão, visto mesmo experimentar pequenos prazeres não permite uma recuperação ou sentir que vale a pena experimentar sem culpa. Não forçaria a barra mas é uma possibilidade.
13. 4th of July.
Vamos lembrar que estamos falando de um período de recessão e de Seattle em crise. Fazer uma alusão ao 4 de Julho e a falta de esperança dá o tom da faixa. Mais uma citação religiosa (com Jesus e depois uma vela romana) para um cenário de purificação através do fogo. Entendo que como o álbum vai se aproximando do final, a tentativa de mostrar o recomeço deve ser feita. Nada mostra isso melhor do que Jesus e a purificação. Hora de recomeçar.
14. Half
E chegamos a um elemento de filme americano. O par romântico. Em quase todos os álbuns aqui, há o elemento feminino. Aqui, aparece o par e a esperança de que ainda temos uma chance. Dá a impressão que toda a crise é causada pela imensa tristeza de estar sozinho. Faixa confusa de se ouvir por ser experimental.
15. Like suicide.
Continuo tentando não fazer a teoria da conspiração. A faixa não ajuda muito. Agora entendemos o álbum. Realmente foi a morte do amor que causou a depressão. Esse amor que se foi em um suicídio leva à depressão e ao mesmo pensamento ao longo de todo álbum. Justificando não querer salvação no início e entendendo claramente o motivo de mesmo ao tentar viver, sentir-se como os porcos. O sentido da vida acabou.
16. She likes surprises.
Chegamos ao final. E a faixa é dedicada a mostrar o amor. Uma menina aparentemente normal que se penteia, que se diverte mas que ao olharmos de perto, anfetaminas e sorrisos forçados fazem a mágica. Ela vive mas apenas sente a sensação da diversão quando está dopada. Muitas pessoas ficam sob efeitos de antidepressivos até o momento em que não suportam mais a ilusão.