Décima nona postagem: Sargent Peppers Lonely Hearts Club Band.
Consigo descrever essa postagem em uma palavra: Medo. E não adianta argumentar que é uma postagem como as outras pois não é. Estamos falando do Fab 4 e naquele que é o álbum mais comentado dos Beatles. Sentir medo é a regra. Vou iniciar explicando o motivo dessa postagem. São 50 anos desse álbum (momento em que lembro que deixei de comprar esse pra comprar o V da Legião Urbana....) que está aqui na prateleira como um dos poucos que nem abro mais com medo de danificar qualquer parte dele. Dito isso, vamos viajar com o Fab 4 (relação de amor e ódio aqui e explico ao final do texto).
01. Sargent Peppers Lonely Hearts Club Band.
Billy Shears... Faixa que apresenta o álbum que é uma abertura de show. Uma prévia do que vem pela frente. Várias teorias sobre a morte do Paul povoam esse álbum e Billy Shears é mais uma delas. Focarei na música em si. Bom clima de deboche ao apresentar a fictícia banda e seu vocalista em uma faixa de 2 minutos que apresenta uma guitarra pesada em seu início e dá o tom do disco. Fones de ouvido em ação, durante a música o vocal está ao lado direito mas no refrão vai para o lado esquerdo... Junte isso aos instrumentos de sopro e temos rock de primeira.
02. With a little help from my friends.
Gosto demais dessa faixa. Uma conversa franca sobre a importância da amizade. Maldade ali no "eu fico alto com ajuda dos amigos" mas tirando isso, uma ótima faixa com o Ringo Starr respondendo a entrevista feita pelo coral feito pelos demais integrantes. Música relaxante, divertida e reflexiva. Essa é pra você minha amiga...
03. Lucy in the sky with diamonds.
Mais uma teoria... LSD. Embora a música seja psicodélica mesmo, aproveitar a música deveria ser a prioridade. Nesse contexto, viva a letra que aproveita ao máximo aspectos visuais. Ao ouvir, dá pra transcender sem o auxílio do ácido, se me faço entender.
04. Getting better.
Música boa pra enganar. Fala sobre como a pessoa está melhorando e o ritmo é envolvente. Por trás de tudo, temos uma cítara mostrando a influência da música hindu e também uma confissão de um cara que privava a mulher do mundo mas que agora está aprendendo a ser uma pessoa melhor.
05. Fixing a hole.
Essa é simples e demonstra a importância da liberdade criativa. Como estar ou sentir-se livre em um mundo que dita regras? Por isso a comparação com o telhado. Como a sociedade já demonstrou incapaz de resolver problemas simples mas que exige que eu resolva os meus para pertencer à ela. Vou até o telhado agora tirar umas telhas....
06. She´s leaving home.
Conflito de gerações é o tema aqui. Visualizamos uma garota que, cansada de esperar pela compreensão dos pais, resolve abandonar a casa e deixa um bilhete de partida. Interessante que podemos trazer essa falta de diálogo em casa para os dias atuais. Até a fuga é retratada. Os jovens fogem dos pais em plena casa ao se perderem em aparelhos eletrônicos ou conversas virtuais com 100 amigos quando de verdade, estão perdendo os primeiros amigos (que deveriam ser os pais).
07. Being for the benefit of Mr. Kite.
Que nome é esse? Quem coloca um título como esse? Esses detalhes talvez sejam o que torna esse álbum como, de acordo com vários especialistas, o melhor álbum da história do rock. É o auge do experimentalismo e de como simples detalhes podem virar música. Essa faixa é inspirada em um cartaz de circo (bem retratado na letra) e ao mesmo tempo, combina perfeitamente com a introdução do álbum pois mostra toda a preparação de um espetáculo. Genial.
08. Within you without you.
100% Harrison. Todo o período em que os Beatles estiveram na Índia está nessa faixa. Considero essa faixa mais um convite à psicodelia, em um nível superior ao que encontrarmos em Lucy in the sky with diamonds. Citarei apenas que gosto das lições contidas na música. Concordo que passamos a vida toda procurando coisas materiais e esquecemos de amar, até quando é tarde demais. É bom pensar sobre isso.
09. When I´m sixty-four.
Quando eu tiver com 64 eu farei essas perguntas todas. Meu medo é não ter a quem perguntar... Isso resume bem essa faixa. Você terá alguém a quem perguntar essas coisas?
10. Lovely Rita.
Música engraçada e que adoraria saber o que há por trás dela. Sempre que escuto acho muito divertida a situação. A pessoa multada, com o carro apreendido e questionando se a policial está livre pra tomar um café. Será que o Beatle estava querendo pagar uma propina à policial? Essa faixa poderia causar problemas com o desacato policial e ainda há um traço de machismo aí. Graças a Deus que entenderam apenas como uma música descontraída.
11. Good morning.
Monotonia. Vida dentro das regras e sem aventura. Engraçado como esse álbum funciona. Faixa psicodélica, faixa sobre a necessidade de liberdade e de repente, monotonia de uma vida onde sempre sabe-se o que fazer, independente de gostar ou concordar. Muito interessante pela reflexão. Aliás, já escrevi sobre o cotidiano. O corpo gosta da rotina mas sair dela eventualmente faz o cérebro se desenvolver.
12. Sargent Peppers Lonely Hearts Club Band.
A banda começou o show... e toca a faixa perfeitamente encaminhando para uma linda música na próxima faixa.
13. A day in the life.
Faixa que começa dando a ideia que teremos um poema. Tem uma controvérsia nessa faixa também falando sobre a morte do Paul. Depois do ritmo calmo, acelera para dar a impressão de um dia normal (cotidiano) mas dentro de um sonho (psicodelia) para ao final da faixa, uma bateria nervosa vai intensificando seu ritmo até... o piano encerrar a faixa. Acabou o álbum. Só um instante... depois de 10 segundos onde nada acontece, pessoas começam a falar de trás pra frente e aí sim o álbum encerra sem explicação para o que aconteceu ali. Com o perdão da redundância... Fantástico esse quarteto.
Resumo da obra: Tudo que podia ser falado sobre esse álbum já foi. Aqui eu apenas coloquei minhas impressões sobre essa obra prima do rock. Sobre a relação de amor e ódio. Como não amar Beatles? Impossível. Porém, esse tiram o primeiro lugar de um outro quarteto igualmente brilhante: Led Zeppelin e essa é a parte do ódio. Brincadeiras à parte, nos vemos no próximo texto.