Décima oitava postagem: Mandylion - The Gathering.
Demorei para escrever sobre essa banda. E começo com um álbum onde pedirei paciência ao fazer a primeira audição do mesmo. Em minha opinião o metal presenteia os ouvidos com muito mais mulheres no vocal (com qualidade) do que homens. Entenda que há ótimos exemplos dos dois gêneros. Já vi Tarja, Sharon e Hansi ao vivo e são todos fantásticos. Porém, as mulheres ainda me cativam mais no tipo de metal que gosto (Cristina Scabbia é um desejo antigo de ver ao vivo...) mas para quem não está acostumado, pode achar que nesse álbum Anneke está gritando mais do que cantando (para ver como isso muda, sugiro o excelente DVD "A sound relief") mas na segunda ou terceira audição as coisas melhoram e conseguirão prender-se apenas às bem escritas letras (todas dela). Vamos ao álbum?
01. Strange Machines.
Primeira referência aqui é ao livro do H.G. Wells chamado "A máquina do tempo" e a música nos leva a sonhar por períodos históricos e como seria presenciar alguns fatos como o levitar de Cristo sobre as águas, ver Cleópatra ou sobrevoar os céus durante a segunda grande guerra. Gosto da citação da revolução russa (100 anos já). Parte que deixo como questionamento: Com uma máquina do tempo presenciaríamos a história ou mudaríamos algo na nossa?
02. Eléanor.
Essa não é a dos Beatles (falta um texto sobre eles aqui...) e sim alguém que se esconde apresentando diversas facetas para se aproveitar das pessoas. Eu gosto da ironia entre o nome da pessoa e o que ela faz. O nome Eleanor significa tocha ou luz. Então ter uma pessoa com esse nome mas que faz o inverso faz a faixa interessante.
03. In motion #1
Aqui muita coisa sobre Anneke começa a ficar clara. Vou resumir a conversa. Ela teve um relacionamento e quando acabou, ela escreveu muita coisa sobre o sentimento de perda. Ao ouvir a música "Wonder" lá em 2010, sinto que ela teve muita dificuldade pra superar a perda (lembrando que este Mandylion é de 1995). Falando sobre a faixa, basicamente alguém se vai e temos uma sequência de versos que fala por si... "faça-me chorar em vão mas deixe uma lágrima para cair sobre meu rosto com seu suspirar. Deixe-me ser levada pela correnteza e cem mundos me verão passar". Essa, mesmo que vocês não ouçam o álbum inteiro, é obrigatória.
04. Leaves.
Continuando a faixa anterior, aqui justifico o vocal. Usarei a mesma defesa que faço para o gutural, seja ele masculino ou feminino. Perceba uma faixa que inicia com a cena onde a mulher fecha os olhos do amado com os lábios e ele apenas a sente perto dele. Bonito não é? Só que isso vai marcar a despedida entre eles e o rapaz já não está nem aí para isso, não se importa. Então imagino que não dá para tentar mostrar essa agonia cantando calmamente ou felizmente. Fechando o argumento, ao final, ela ainda cita que sabe que ele não se importa mas ela sim. Aquela sensação de que só terminou para um dos lados.
05. Fear the sea.
Em um contexto solto, seria uma música sobre o mar e o respeito ou temor que devemos sentir dele. No contexto do álbum, entendo como uma metáfora onde o mar é essa mistura intensa de sensações durante o fim do relacionamento. A comparação com o mar enquanto algo indomável pode ser como Anneke interpreta a impossibilidade de domar o que ela sente deixando que o tempo faça isso passar, assim como o tempo faz o mar se acalmar. Enquanto metáfora, boa faixa.
06. Mandylion.
Faixa instrumental. Gosto das faixas instrumentais. Elas permitem que pensemos sobre tudo que o álbum mostrou até o momento e ainda servem como ligação. Em outras situações, as faixas instrumentais podem ser uma transição para mudar a temática do álbum, o que não é o caso aqui.
07. Sand and mercury.
Última tentativa. Poderia ser esse o título dessa faixa. Aqui o pedido para que o amado não vá embora fica até um pouco pedante. Bem, não dá pra imaginar o que ela sentiu mas apenas comentei que pareceu pedante mesmo. Apesar disso, acho bonita demais a parte do "escute minha voz, veja meu rosto, perceba como estou mal e o quanto preciso de seu abraço". Tá. É bonito pra caramba mas é pedante. Antes que esqueça, tem uma fala na música e é o J.R.R. Tolkien viu? E lendo Simone de Beavouir. Tira o pedante do texto e não falo mais sobre isso.
08. In motion #2.
Chegamos ao final. Embora essa versão seja muito bonita, por favor ouçam a versão no DVD "A sound relief". Prestem atenção à movimentação dela e como ela canta o refrão. Arrepiante. Mesmo sem o DVD, o conteúdo está aqui nessa faixa onde o tema da parte um da música é retomado com as explicações e o ponto final. Aqui a relação acabou e o que resta são as lágrimas tão presentes ao longo do álbum. Fica a citação final onde ela fala "minha dor é a sua assim como eu sou".