Texto 13

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Texto 13

Nheengatu

Décima terceira postagem: Nheengatu - Titãs.

Texto número 13 mas relacionando-se com 25. Explico: A intenção original é escrever 52 textos para finalizar 1 ano de publicações. 13 significa 25% desse objetivo, o que é surpreendente para mim. Confesso que não imaginei que iria escrever 13 textos e ainda imaginar que faltam tantos bons álbuns a serem citados. Bem, vamos começar esse álbum que inicia com aula de História. Sim, Nheengatu era a língua tupi que falava-se aqui até a chegada dos portugueses.

01. Fardado.

Música sobre a polícia. Não é de hoje que Titãs e polícia não se entendem (vide a faixa chamada polícia tão conhecida). Faixa que reflete uma polícia que sinceramente não vejo hoje. Retrata uma polícia que mete medo no cidadão e que, em alguns casos, parte para o confronto sem avaliar a situação. Bem, entendo que a polícia deve manter a ordem acima de tudo. Há casos complicados de excessos contra cidadãos e não contra bandidos. Acredito que há falta de informações sobre o papel da polícia e sobre direitos aqui no Brasil mas isso já tem direitos humanos, advogados corruptos e uma constituição que de tão emendada já não garante direitos a quem não tem advogados que usem bem esse tão confuso texto. Música boa mas que não reflete a minha opinião sobre o assunto.

02. Mensageiro da desgraça.

Eu gosto dessa letra. Resumo de todos os problemas dessa terra... e é um convite a todos que queiram se levantar para ir lutar por seus direitos. Difícil é encontrar alguém que se levante para melhorar de vida quando se é sustentado pelo estado para manter-se miserável.

03. República dos bananas.

Não tem como não gostar do título. Faixa que representa os estereótipos e os personagens que algumas pessoas criam para parecerem mais do que realmente são. As máscaras que cercam mentes limitadas para satisfazerem a sociedade e, quem sabe, a si por tabela. Conheço várias pessoas que estão descritas nesta letra e até me vejo em um ou outro personagem. Faixa inteligente e que mantém o clima pesado (mais nas letras que propriamente no som) do álbum. Ouçam sem moderação.

04. Fala Renata.

Lembra que na faixa da Blitz tinha uma faixa com a letra "mulheres falam demais"? Pois é. Titãs complementa com essa faixa interessante retratando como as mulheres aparecem em várias músicas, como fúteis. Entendo que atualmente as mulheres aparecem dessa forma até mais do que nos anos 80. O funk que o diga... Então que a letra sirva para esse pessoal entender que as mulheres não poderiam ser retratadas ou tratadas dessa forma. Hum... esse pessoal não sabe ler, deixa pra lá.

05. Cadáver sobre cadáver.

Comentar uma faixa dos Titãs que apresenta uma letra de Arnaldo Antunes já emociona. Indo para o lado racional. Faixa clara que retrata a violência instaurada no Brasil. Não estou falando de hoje. Estamos em guerra desde a ditadura, apenas mudamos de "inimigos". E o que nos resta realmente é a sobrevivência esperando nossa hora nesse mundo. Mais uma boa letra em um bom álbum.

06. Canalha.

Regravação aqui. Música original é de 1980. Roupagem nova, letra antiga e problema de sempre. Fala sobre o fim da ditadura aqui no Brasil e o vazio que a perda de tanta gente, injustamente, deixa. Não há dúvidas de que é o período mais negro de nossa história. Ainda há quem defenda o retorno... Entenderei como desespero por não encontrar saída para o que temos atualmente.

07. Pedofilia.

Já inicio batendo palmas para o título. Tem que ter coragem pra ir direto ao assunto. Violência contra nossas crianças está explícita na letra. Todas as frases usadas por esses doentes aparecem na letra. Isso deveria ir para as escolas... afinal, quer tratar de um problema? Olhe para ele de frente.

08. Chegada ao Brasil (Terra à vista).

Faixa mais divertida do álbum mas não menos realista. Canção do Exílio ao contrário. Já usei em prova de Português para tratar da chegada dos portugueses por aqui. Faixa nota 10 pelo contexto e pela citação da canção do exílio. hehehehee.

09. Eu me sinto bem.

Sinto vontade de ficar assim em alguns dias. Nada pra fazer e ninguém pra encher o saco. Faixa que foge do contexto do álbum e aparenta dar uma descansada. Causa a sensação de ir dar uma volta pra desopilar. E quem não se sente bem assim?

10. Flores pra ela.

Violência de novo. Não teve jeito. Depois do passeio a realidade sempre bate. Mostra o comportamento machista e até doentio de alguns homens no mundo (sim sim, não é privilégio nosso). Letra direta para mostrar como o homem acredita que a mulher é "dele" e sendo assim, ela deve fazer o que ele disser e apenas o que ele concordar ou permitir. Acreditem que ainda hoje há mulheres que acreditam que o homem deve sempre ser o "cabeça" da casa. Coitadas.

11. Não pode.

Parece uma sala de aula. Sou professor e ficou parecendo o primeiro dia de aula.... não pode isso nem aquilo. ah, aquilo outro também não. Gosto da crítica às regras sem explicações que justifiquem suas existências. Aliás, única explicação é "não tem como ser e fim". Preciso lembrar de colocar essa música em sala.... hehehehehe.

12. Senhor.

Não acredito que a inspiração tenha sido Gregório de Matos mas até que esse início combina. "Não me livre do pecado mas da culpa" é uma ótima sugestão. Claro que temos um comentário sobre a venda das indulgências que algumas religiões realizam. Então se é pra pagar, que eu peça pelo menos o que eu realmente quero.

13. Baião de dois.

Deu-me fome ao ler o título, embora a música não tenha relação com tal delícia. Essa é a faixa mais legal para olhar com calma. O mundo é um moinho leva-nos até Cartola (gênio), a vida é um buraco chama Pixinguinha (gênio), o mundo me condena é de Noel Rosa (gênio) e a vida me ultrapassa é dos Mutantes. Nessa mistura de grandes compositores citados nessa torre de babel (olha a capa do álbum) percebemos que todas essas pessoas já não existem e não resta mesmo nem baião nem dois. Detalhe para aquarela do brasil em uma guitarra nervosa ao fundo dessa faixa. Ótima sacada.

14. Quem são os animais?

Chegamos ao final do álbum de 38 minutos aproximadamente (curto mas intenso). Aqui temos os preconceitos vomitados pelos nomes de animais. Aproveitam a letra para comentar sobre julgamentos não apenas pela orientação sexual ou cor da pele mas até pela forma de vestir-se. Gosto da reflexão sobre o velho mandamento ou o novo sacramento. Devemos respeitar os diferentes mas desde que não sejam diferentes de nós. Esse é o resumo.

Resumo da obra: Se você tem 40 minutos livres em seu dia, use-os ouvindo esse álbum. Desde a concepção da capa até as letras muito bem distribuídas tratando de temas relevantes do nosso mundo esse é um álbum que exemplifica bem como a música vai dos ouvidos à alma (se bem que essa fica no cérebro mesmo) e que ainda há salvação para se ouvir uma boa música. Semana que vem voltamos com algo que ainda não sei mas que certamente trará conhecimento através da música.