Décima postagem: Widow´s Weeds - Tristania.
Essa postagem estava na minha mente quando percebi que esse seria o décimo texto escrito nesse espaço. O número 10 está em meu subconsciente como algo máximo a ser alcançado. O topo possível. Deve ser influência da escola (não apenas no passado mas atualmente e bem provavelmente futuramente) onde esse número é o indicador de que não se pode ir acima dele. Claro que com tamanha importância o 10 aparece aqui não como o melhor álbum de todos os tempos, até por considerar que isso é relativo ao gosto e, portanto, não posso atribuir esse valor ao álbum mas sim, como o primeiro álbum a me fazer olhar para o metal com outros olhos. Explicando: Conhecia o vocal gutural (aquele vocal que parece que a pessoa está arrotando na sua cara, sem maldade colegas) do sepultura e só. Meu tio trouxe certa vez uma edição de uma revista chamada Planet Metal e ela trazia um CD com diversas bandas de metal. Ouvi a edição 02, 03 e apareciam alguns guturais que me faziam mudar de faixa imediatamente. Então, edição 04, faixa 07 (se a memória não me traiu) trouxe Evenfall e aí tudo mudou. Sendo assim, esse álbum merece ser a décima postagem por ser, em minha memória musical, um triturador de pré conceito movido pela ignorância em relação ao gutural. Não sendo isso suficiente, trago hoje um álbum de excelentes letras que degustaremos a partir de agora. Então, vejamos o motivo da viúva chorar.
01. Preludium...
Parece a abertura do álbum do Black Sabbath de 1970. E o coral faz uma linda abertura para a segunda faixa. Essa é só para aquecer...;
02. Evenfall.
Chegamos ao meu ponto inicial. Evenfall trouxe pra mim uma letra que na época classificava como "toda dor do mundo de bom" pois a música trata da perda e de como as trevas invadem o coração. Destaco aqui o violino do Pete Johansen que aparecerá em quase todas as faixas desse álbum. Então, que esse anoitecer leve minha dolorosa perda por uma vida chorada neste pôr do sol e que possamos ir para a próxima faixa;
03. Pale Enchantress.
Dueto para os fãs de Tristania sentirem saudades dos velhos tempo.. Vibeke e Morten Veland (que já foi tema aqui na oitava postagem com o Sirenia). Aqui continuamos na temática da perda da amada e a letra que continua o desejo da faixa 02. A noite agora o abraça e a lua é a personagem. Ela é a feiticeira pálida como a morte que nos cerca e cujos ventos conduzem nossa perda. É a lua que nos faz cair lacrimejando enquanto as sombras dançam. E o inverno desperta para tirar o calor de nosso corpo. Gosto da referência ao inverno combinando com o clima da noite pois para ele, a vida esvaiu-se no momento da perda da amada. A letra é muito boa para ser lida como poema;
04. December Elegy.
Mais uma música nota 10. Comentei que gosto das citações em inglês de
palavras como thee ou thou e essa música traz isso. Aqui temos uma elegia (poema que é um lamento de morte) e talvez seja a música que melhor me fez entender o gutural. De fato uma elegia com todo seu peso e todo o lamento por uma perda não poderia ser interpretada com uma voz diferente. Nessa faixa a dor vai aumentando enquanto a noite o abraça. Porém temos um elemento diferente: a escuridão fala e indica que a vida deve ser abandonada. Nesse momento, coloquem os fones. Perceba o gelo derretendo... será o gelo ou as lágrimas? E deliciem-se com Pete Johansen....;
05. Midwintertears.
Resumo das outras faixas. Todos os elementos reaparecem aqui (noite, gelo, rosas, lágrimas e os etc.). Aqui vou destacar um elemento na letra. A sétima lua cheia. De acordo com os chineses nesse momento demônios vêm à Terra para matar humanos. Brincadeira. Isso aparece em um filme e não sei se é verdade. Vindo para partes mais poéticas, gosto do verso onde ele fala que todos os sonhos dele serão escritos em sua epígrafe (título) com as lágrimas que surgem do sofrimento e de seu coração sangrando.... Ainda acredito que muita gente é aplaudida por poemas piores que essa letra;
06. Angellore.
Crianças sorrindo no início da faixa e indo de um lado para outro dos ouvidos (fones novamente). Chegamos aos anjos. Figura gótica aqui. Temos um anjo que vem nos ajudar para que esse sofrimento não consuma a alma nos leve para o inverno (se mudar 1 letra...). Esse anjo nos olha e quando isso acontece sentimos todo o calor que antes havia e quando olhamos profundamente nos olhos dele, sentimos nosso coração se aquecer. Hora de esquecer a lua e descer, sozinho;
07. My lost Lenore.
Gosto muito do poema recitado no início da música. Essa música é interessante. Pareceu-me que a faixa anterior indicava uma superação da dor da perda mas essa faixa retoma tudo. Aqui, sugiro que leia e releiam os versos para perceber como o autor da faixa sente-se. Ele saúda o inverno e cita que segregará sua alma embaixo das asas de sofrimento. Sobre as trevas que o cercam, ele apenas lembra que eu abraço teus olhos nessa viagem perdida e que revelarei meu coração apenas para a beleza vestida de preto. Embora esteja perto de uma salvação, ele ainda é prisioneiro de Lenore;
08. Wasteland´s Caress.
Hora dos lamentos nessa faixa. Sugiro que olhem o DVD ou algum vídeo na Internet que tenha essa faixa extraída do DVD. Apenas para ver a banda em preparativos para shows. Fones novamente pois temos um diálogo onde Morten Veland revelando sua angústia (por isso temos tantos mourn). Nessa faixa percebemos a amada morta demonstrando sua fraqueza ao partir. Encerra a faixa com o amado dizendo que abaixo dos paraísos perdidos eu contemplo tua mais rara rosa com meu corpo pálido e frio;
09. ... Postludium.
Fim de álbum. Sinos tocam enquanto temos uma letra em Latim. Vou ajudar para não temos problemas: "Eu faço o meu espirito como uma oferenda tirado através do sacrifício";
10. Sirene.
Não tinha acabado? Bem, aqui vamos explicar as coisas. O Tristania lançou um EP (álbum com 2 faixas pra divulgação) chamado Tristania. Esse EP não foi lançado por aqui e as faixas entraram no primeiro álbum, que é esse. Então, aqui temos apenas faixas complementares da banda. Nessa, temos uma instrumental para levar à última faixa de verdade;
11. Cease to exist.
Aqui temos um ensaio do que o Tristania apresentaria no Widow´s Weeds. Temos uma música que fala sobre a morte. Os sussurros ao longo da faixa vão guiando para um caminho que não sabemos ao certo onde dará. Até o momento em que o gutural nos lembra que estamos em um lugar onde tudo que perdemos aparece diante de nós. A letra é um primor. As folhas dançam em seu precioso Éden onde ela jaz. Todas as perdas da vida esculpidas no crepúsculo e refletidas nas lágrimas dos anjos.
Resumo da obra: Acho que o início já descreve bem o que significa o álbum para mim. A relação da perda e o sofrimento pela partida de alguém chega a me querer classificar esse álbum como romântico (pode ser sim não é lord byron?). Esse é um álbum que mexe no lado negro da alma mas justificando que esse lado assim o é pela insuperável perda do amor. Espero que possam aproveitar esse belo álbum lendo as letras para entrar na poesia das músicas. Semana que vem, vou me esforçar pra trazer algo mais leve (embora quase não consiga fazer isso).