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Quinta postagem: Cuidado! - Lobão.
Essa semana visito um velho amigo. Lobão. Fã de carteirinha aqui. Daqueles que fica contente quando vai ao show. Vi o velho lobo aqui em duas ocasiões e em ambas me diverti bastante. Escrever sobre algum álbum dele parecia tarefa difícil até atentar para o intuito dos textos. O álbum além de ser bom, precisa acrescentar algo. Embora ouçamos músicas de 1988 (ano da Constituição), tem elementos bem modernos nas letras e por isso o escolhi como álbum da semana. Como o título sugere, cuidado que aí vem o lobo mau.
1. Cuidado!.
Tenho certeza que essa música, se escrita nos dias atuais, não ser executada em nenhuma rádio. Andamos aqui no Brasil com um mau humor enorme e uma música que fala sobre racismo seria vista atravessadamente. Gosto da mensagem clássica para tomar cuidado com os julgamentos baseado nas aparências. Também gosto da insinuação de que a riqueza vem apenas roubando o povo. Lobão 1x0 Brasil;
2. O Eleito.
Seguimos na temática política e chegamos a um retrato dos políticos. Só um instante, eu falei políticos? Em vários aspectos essa música pode ser aplicada para outras pessoas que se acham intocáveis. Claro que a letra foi um recado direto para a classe política. Sinceramente, ao ouvir essa faixa, pergunto-me qual o motivo dessa música não ser tocada a cada dois anos (eleições). Talvez a galera de hoje não precise ser conscientizada. hahahahahahah;
3. É Tudo Pose.
Redes sociais que ouçam essa música. Engraçado como o álbum é extemporâneo. Lembro-me das fotos que vejo nas redes sociais ou em mensageiros pela Internet. Todo mundo rindo, mostrando alguma paisagem de algum lugar onde foi... com a intenção de mostrar que "a minha grama é mais verde que a sua" e o culto às aparências. Música muito boa sobre a superficialidade que percebemos em várias pessoas ao nosso redor. Poderia ter sido escrita semana passada que ninguém perceberia diferença na sociedade;
4. Tara Tara.
Mudando do foco político ou das aparências, chegamos ao tema mais presente em qualquer gênero musical que pensemos: amor. Nessa fase romântica temos uma letra simples que mostra a paixão sob a ótica do velho lobo. Classifico aqui como paixão pela cegueira e quase obsessão que aparece na letra sob a forma de tara. Amor é algo mais sério e não tem essas características. Música divertida e um bom passatempo pra quebrar o clima das faixas em defesa da consciência e da moralidade que vimos anteriormente;
5. Esfinge de Estilhaços.
Belo título. Talvez a melhor faixa do álbum. Não há a mensagem clara que percebemos até o momento, o que deixa a música em aberto para diversas interpretações. Destaco a música (parte instrumental crianças) muito interessante com mistura de vários elementos como violinos, gaita e os instrumentos do rock "and roll" na veia. Sobre a faixa: ouçam e prestem atenção aos paradoxos tão bem empregados durante toda a faixa para transparecer que falta algo dentro dele, em sua visão, mas que ele é o porto seguro de outro alguém. Interessante como podemos significar mais para alguém do que para nós. Algo a se pensar. Também destaco que ao se confiar em alguém entrega-se mais do que uma sensação ou sentimento, entrega-se parte do "eu interior". Quando essa confiança quebra-se, difícil reconstruir e isso surge nessa esfinge de estilhaços. Insisto que deve ser a melhor letra do álbum;
6. Por Tudo Que For.
O que comentar sobre uma das mais famosas músicas de Lobão? Temos aquela dependência citada nas últimas faixas do outro. A música trata exatamente da solidão. Lembra da reconstrução da confiança? É possível desde que haja essa necessidade do outro, desde que sinta que sem o outro tudo tem um significado menor. É uma música romântica? Certamente. Cantar o amor que vive enquanto as pessoas estão juntas é relativamente simples. Cantar o amor quando o outro não está, isso sim é complicado. Detalhe para o apelo "me abraça por tudo que for". Genial;
7. Síndrome de Brega.
Passando da fase romântica do álbum, voltamos ao nosso mundo. Faixa pra quem tem personalidade. Gosto bastante dessa. Lembra do pessoal que gosta da pose? Esse pessoal pula essa faixa. Aqui o tom muda. Eu mando na minha vida e ninguém tem nada a ver com isso. Faltou ele lembrar que esse tipo de atitude cobra alto algumas vezes. Claro que quem tem personalidade não tem síndrome de brega e não se importa. Vamos para a próxima faixa e quem não quiser, espere o texto da semana que vem. heehehehe;
8. No Money, No Change, No Chance.
Vamos ao mundo inglês. Faltava algo aqui nesse álbum. Lobão adora noite e escuro. Até o momento não temos isso e ele manda essa com os elementos da escuridão que o caracteriza. Essa faixa vem lembrar o que comentei sobre a faixa anterior. Tudo tem um preço e se você não puder pagar, não pode sustentar sua vida. Isso vale para tantos aspectos de nossa vida que precisaria de um outro texto apenas para tratar do subtema. Pensamento capitalista se você for literal. Se entender a parte profunda, fica o recado. Se não está preparado para assumir as consequências de seus atos, não cometa-os. Preparados para a última faixa?;
9. Pobre Deus.
Fechamos o álbum com algo parecido com o início. Sempre que ouço essa música lembro da frase "Deus é brasileiro" e penso: "Se ele fosse, seria o pobre Deus de Lobão", desesperado por não saber nem por onde começar a tentar salvar esse povo. Talvez pudesse usar a música como forma de esclarecimento e informação, minha ideia. Afinal, música com conteúdo entra pelos ouvidos e atinge a alma não é?
Resumo do álbum: Com um início político, um meio romântico e um final que até Deus duvida, temos um álbum que não nos tranquiliza e nem tem esta intenção. É um álbum de alerta desde seu título e deve ser ouvido com atenção. Saboreie com cautela e até o próximo texto.