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Metallica

Quarta postagem: Metallica - Metallica.

Esse álbum é conhecido como "black album", caso alguém queira dar uma vasculhada na Internet pra ouvir.
Aliás, aproveitando o momento. Não coloco nenhum atalho para os vídeos aqui por não ser essa a intenção deste espaço.
Na verdade... esses álbuns que cito aqui deveriam estar era na coleção fisicamente. eheheheeh. Brincadeira. Vamos falar sobre esse fantástico e obrigatório álbum.
Iniciando. Não estranhe por encontrar aqui grandes clássicos do Metallica e achar que é uma coletânea. Não é. Isso mostra como esse álbum é bom. Prontos? Vamos lá.

1. Enter Sandman.

Sandman pra mim sempre será o retrato do mestre dos sonhos. Aquele que coloca areia nos nossos olhos quando vamos dormir. E esse é o ponto da música, falar sobre os sonhos. Parte favorita é a oração "If I die before I wake, pray the Lord my soul to take." Tradução... "Se eu morrer antes de acordar, peço a Deus que guarde minha alma.". Precisa comentar? Pode ser que o restante do álbum seja dentro desse sonho que se inicia com esta faixa.
Ah, não se importe com as vozes que está ouvindo. São apenas as bestas debaixo da sua cama, em seu armário e na sua cabeça....;

2. Sad But True.

Estamos dentro do sonho. Sempre que ouço essa música lembro-me como as pessoas muitas vezes não assumem responsabilidade pelos seus atos. A música transita entre o imaginário e o real, fazendo uma brincadeira com a mente do personagem. Algumas vezes achamos que fazemos parte de algo maior que a própria vida e essa música lembra que não é bem assim. Tudo que fazemos é responsabilidade nossa. É nosso ID ou ego ou superego quem toma uma ou outra decisão. Realmente é triste mas é verdade;

3. Holier Than Thou.

Adoro essas coisas de Thou, Thy ou Thee em música. Remete a um inglês mais clássico e ter isso em uma música que fica ligada na tomada o tempo todo é uma boa. Se na faixa anterior a pessoa não gostou da ideia de controlar tudo que faz (sem poder jogar a culpa em outras pessoas ou em entidades), essa faixa completa o serviço.
Por isso o título com a expressão inglesa que representa alguém que acusa mas que deveria estar olhando mais para seus erros. Metallica reflexivo hein? Agora, humildemente, vamos para nossa próxima parada;

4. The Unforgiven.

Fazer qualquer comentário sobre essa faixa que saia dos adjetivos: linda, perfeita e maravilhosa é complicado. Identifico-me com essa faixa. Quer uma lição sobre o ciclo da vida crianças? Ouçam e prestem atenção a tudo que essa faixa apresenta. Música para mostrar como somos fruto do ambiente em que estamos. Desde que nasce, o homem da música já vai aprendendo suas regras (abraços para nossos pais) e isso causa desespero. Alguns sentem falta de completude e não se perdoam por isso. Tornam-se amargas por entenderem que o mundo não os satisfaz. Até o momento em que desistem de tudo e esperam pelo fim. Poxa. Se você nesse momento está me rotulando, acredite. Eu também rotulo você;

5. Wherever I May Roam.

Fico pensando se realmente não é uma coletânea...
Música de fuga. Em qualquer lugar eu faço minha casa. A faixa muda completamente a tonalidade do que ouvimos até agora. Tirando a relação dos rótulos que aparece, temos agora a fuga sem se importar com nada. Pode ser que ele esteja procurando um lugar que preencha o vazio dele (tem um verso que pode identificar isso quando ele fala que está sozinho mas não solitário). Vamos ver onde essa viagem o leva;

6. Don´t Tread On Me.

Pensei que íamos juntos nessa viagem mas agora ele deixa bem claro que não devemos cruzar seu caminho. Faixa de transição do álbum. Ele não tá muito a fim de conversar e só quer seguir seu caminho. Percebo que ele está incomodado com algo pois já falou que o caminho para a paz passa pela guerra. Espero que na próxima faixa ele se anime mais. Vou mantendo distância;

7. Through The Never.

Gosto demais dessa faixa. Essa terceira pedra é complicada mesmo. Faixa pra lembrar que devemos seguir em frente sempre, embora ao longo da nossa viagem encontremos com limitações humanas, com perguntas sem respostas e alguns pensamentos impuros... mas vamos através desse vazio que é essa terceira pedra. Por falar nisso, vamos para a próxima;

8. Nothing Else Matters.

Lembra que algumas faixas atrás nosso colega falou que ia sozinho mas não solitário? As coisas mudam e nessa faixa ele encontra o que procura em sua companhia. Conheço a sensação. Toda busca por verdade, por sensações verdadeiras, ele encontra nela. E nada mais importa. Na verdade, a confiança no que eles constroem importa. Importa tanto que ele não mais se importa com que falam, com o que pensam, com seus jogos sujos (detesto fazer política, no sentido de agradar). Gosto demais da parte de estar perto não importa o quão distante esteja. Assim a viagem vai ficando melhor e se aproxima do final;

9. Of Wolf And Man. Voltamos às referências sobre liberdade, como encarar a vida e não ligar para nada. A metáfora do lobo (solitário de novo??) com o focinho ao vento volta ao ponto da liberdade. É transitando que sente-se livre das amarras que o mundo tenta impor. Quando saímos dessa rotina, dessa caixinha em que achamos que vivemos (sobrevivemos) é que percebemos o quão vazia parece essa existência. Percebo aqui a coerência do álbum enquanto obra, pois percebo a coesão entre as músicas. Nessa viagem onde o homem parece ter nascido para ser moldado de acordo com as regras do mundo (homem moldado... hum.... acho que já vi isso antes em um livro) parece-nos que a liberdade vem da quebra das regras sociais. Isso nos leva a faixa 10;

10. The God That Failed.

Chegamos ao momento de escolha. Esse molde remete ao que Deus criou ou na verdade Deus nos criou para sermos livres? A música faz alguns apontamentos religiosos, se assim quisermos entender. Apesar da dúvida que surgiu ao longo do álbum, ainda há fé dentro desse homem que vem sendo quebrado desde The Unforgiven. Mesmo lembrando das mentiras que são contadas ao longo da vida, mesmo lembrando que a mão que cura essas feridas também foi ferida por um prego... acredito que tudo que foi prometido está quebrado e era tudo uma traição. Afinal, segue-se um deus que falhou. Olha, ouvindo a faixa nota-se que ela é mais pesada, segue um ar de marcha. Transmite a sensação de cansaço e conflito. O álbum está ficando aflito e agoniza por respostas ou pelo fim. Vamos ao penúltimo capítulo para entendermos o que está acontecendo;

11. My Friend Of Misery.

Como previsto, nosso companheiro quebrou. Toda a agonia sentida ao longo da trajetória aparece explícita nessa faixa. Temos um solitário gritando para ninguém e aprendendo apenas a partir do que ouve. Ele continua gritando e ninguém se importa. Ele sente que o peso do mundo está sobre seus ombros e ninguém quer ajudar. Engraçado. Pelo que percebíamos antes, ele queria estar solitário para, ao navegar sozinho, se achar e achar o significado de sua vida. Nesse momento, ele percebe que não dá. Algum leitor mais atento deve pensar: "mas ele tinha uma companhia". Tinha. A desgraça que o acompanhava na vida (em inglês é mais bonito - misery... em Português fica essa coisa feia...). Bonita forma do Metallica mostrar que não somos uma ilha(não?);

12. The Struggle Within.

Encerrando esse álbum chegamos ao momento mais introspectivo. A luta interior. Hora da pancadaria do álbum. Hora de respostas. Apesar de todo o sofrimento sentido na faixa passada, temos uma pessoa que insiste na ideia da ilha. De fato, o peso do mundo está sobre seus ombros e não deve ser repartido. Dessa forma, o álbum encerra com um caso perdido de alguém que é imperdoável (entenderam a referência?).

Resumo da obra: Cara, que álbum bacana. Ele reafirma o que está aqui nesse espaço: Dos ouvidos para a alma. Trazendo a reflexão sobre o mundo corrido e como podemos nos perder nele sem uma âncora, sem um porto seguro (seja lá qual for) esse é um álbum que possui ótimas faixas e um ponto de vista linear. Já comentei isso no último texto mas reafirmo: coletâneas não entrarão na minha lista exatamente para não perder a beleza de entender uma narrativa como as que existem em álbuns.

Não façam barulho, durmam bem....