Texto 03

Texto 03

Legião Urbana V

Terceira postagem: V - Legião Urbana.


Depois de algumas dúvidas sobre fazer a resenha desse álbum, aqui está ela.
Explico a parte das dúvidas: Esse álbum marca minha entrada no mundo do rock and roll... pois é. Não foi Beatles, Rolling Stones, Iron Maiden ou outra banda. Foi a Legião Urbana.
Claro que antes disso eu ouvia um monte de coisa mas esse álbum foi diferente. Ele reflete um momento de minha vida que fez, digamos, o rio mudar o curso e me definir como sou hoje.
Esse será provavelmente o único álbum a ter uma introdução tão longa. Certamente devido ao motivo explicado. Bem, feita essa apresentação... vamos ao que interessa: Boa viagem para todos nós.

1. Love Song.

Se eu fosse professor de Literatura, garanto a todos que começaria a disciplina de Literatura no Ensino Médio com essa música. Um lindo poema (canção de amor lá do trovadorismo português) abre esse álbum. Tão rápida que dá vontade de ouvir de novo. Gosto demais dessa abertura começando com algo indecifrável que se transforma em um poema. Detalhe: Aqui temos apenas um fragmento do poema;

2. Metal Contra as Nuvens.

Intercalada com Love Song toda aquela submissão que encontramos na primeira faixa se esvai. Começando o verso com "não sou escravo de ninguém. Ninguém, senhor do meu domínio". Faixa que começa a relatar a viagem que faremos nesse álbum. Para quem sempre cita "Faroeste Caboclo" como uma música grande, lembre-se que aqui temos 11 minutos e meio. Alías, música com 4 mudanças. Inicia com o ar da faixa anterior e depois começa a se animar. Depois da felicidade em demarcar território, a faixa se irrita. Quando a pessoa confia e é traída, se perdendo no processo. Após o aviso para tomar cuidado, a faixa retorna ao início com tudo mais calmo novamente. Confesso que é aquela faixa onde fechamos os olhos e vamos deixando a música guiar. A faixa encerra com alguns bons lembretes para a vida: Tudo passa, tudo passará (verdade) e Não olhe pra trás, apenas começamos. O mundo começa agora. Vamos para a faixa 03 bem mais animados depois dessa;

3. A Ordem dos Templários.

Instrumental que dá continuidade ao álbum, fazendo conexão entre a sensação que deixamos ali no Metal Contra as Nuvens até chegarmos à Montanha Mágica. Essa é daquelas faixas para lembrarmos que a Legião algumas vezes é mais do que um excelente letrista;

4. A Montanha Mágica.

Recuperando a faixa 02. Ainda sou o dono de mim. Hum... pode até ser mas não deu muito certo isso. É uma faixa de dualidade. Posso ser o dono de mim mas algo me faz mal. Perceba o início da faixa com metades. Faz tudo mas não se doa por completo. Isso faz com que ele acredite que alguém vive sua vida. A papoula faz referência às drogas mas isso pode ser interpretado metaforicamente como apenas uma escolha. Não se dar por completo é uma escolha. Quando percebemos isso, faz sentido o final da música. Chega, vou mudar a minha vida. Deixa o copo encher até a borda (ufa, se é pra viver, que se viva intensamente). Mal acredito que já vamos para a faixa 05. Vamos descer a montanha e irmos para outro ambiente;

5. O Teatro dos Vampiros.

Continuamos com a temática do álbum. Qual? A viagem? Hum... Não. Foca no personagem que está viajando. Lembra que começou sem saber o que era o amor e até pedia para a senhora (mia senhor é senhora lá no Trovadorismo) me amparar desse mal? E depois ele se assumia sozinho e não se entregava por medo? Aqui, ele explica tudo bem direitinho. Quero atenção mas gosto de estar sozinho. De repente, chega alguém e me assusto com a boa sensação que ela me causa. O mundo lá fora tá horrível, perigoso e assustador. Mas você está aqui e tudo fica bem;

6. Sereníssima.

Mudança total. Música animada e gritaria. Cadê a melancolia do álbum? Se foi. Você está aqui. Faixa para retratar essa convivência. Essa é a faixa mais simples do álbum. Na minha cabeça só faltou a briga de travesseiros. Faço uma ressalva: Apesar da convivência, ainda tem vestígios da não entrega (até penso duas vezes, se você quiser ficar);

7. Vento no Litoral.

Aguardem alguns instantes...
(10 minutos depois)
De volta. Se eu pudesse, pulava essa faixa. Vou citar Lulu Santos (2 motivos: A frase será boa e; é Lulu...). "Tudo que cala fala mais alto ao coração". Quando pensei em escrever sobre esse álbum, claro que eu sabia que Vento no Litoral entraria... isso não torna mais fácil. Sabe quando eu falei que esse álbum mudou a travessia do rio? Foi essa faixa. Lembro exatamente onde estava, com quem estava (amigão, saudades) e sobre o que estava falando. Essa faixa me fez escolher entre esse álbum e o Sargent Peppers dos Beatles. Azar dos Beatles... Bem, a ideia é falar sobre minha sensação. Desde a primeira postagem foi assim. Vou resumir: "Vai ser difícil sem você porque você está comigo o tempo todo.", ahh... Antes que esqueça... Cavalos marinhos dá o tom dessa música. Curiosidade: Eles só se relacionam 1 vez na vida. Depois que o outro morre, eles vivem solitários pro resto da vida. Não é o que me liga à essa música mas achei interessante comentar;

8. O Mundo Anda Tão Complicado.

Ufa. Passei da faixa 07. E olha que mudança... Nem parece que a pessoa tava lembrando de cavalos marinhos. Faixa totalmente familiar. E bem fora da temática que iniciou os trabalhos aqui. A viagem parou em uma mudança de recém casados. Faixa divertida e tira o peso do que passou. Podemos ir até sorrindo para a próxima parada;

9. L'âge D'or.

Chegamos à Idade do Ouro. Pois é esse o significado do título. Gosto da retomada às confusões. Faixa que deixa claro que devemos ficar atentos sempre. Por isso que a faixa inicia lembrando que a pessoa é teimosa, sincera e tem vontade própria (como já havia dito lá no início do álbum). Engraçado como as pessoas acham que a vida é mais profunda. Entendo que tem uma crítica na frase (acho tocante acreditares nisso);

10. Come Share My Life.

Vem compartilhar minha vida. Que título bonito não é mesmo? Encerrando esse álbum com um convite. Depois de tudo que aconteceu, uma viagem para se convencer que vale a pena arriscar, mesmo sendo teimoso, e que mesmo que se perca, a vida continua e o que podemos fazer é ficarmos aqui.
Dessa forma encerra-se o álbum V da Legião Urbana e também a resenha mais difícil que escreverei.

Farei uma última observação. Não sei se no futuro escreverei sobre coletâneas mas hoje eu acredito que não. Embora as coletâneas tenham todas as músicas que sabemos cantar, elas não tem o que o álbum tem: Conceito. Quando artistas escrevem um álbum, tem algo que eles querem contar e isso leva todas as faixas. Esse da Legião Urbana é um exemplo. Dito isso, hora de encerrar e compartilhar essa (enorme) resenha.