Texto 49

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Quadragésima nona postagem - A-ha - Hunting high and low.

Viajando para 1985 e com uma mudança de gênero. Nada de rock, nada de letras políticas ou mitológicas. Apenas um bom álbum popular. Mais uma banda norueguesa passando por aqui (Tristania, Sirenia e Mortemia são de lá) e talvez essa seja a mais popular. Nos Estados Unidos foi a primeira banda norueguesa a conseguir ficar em primeiro lugar na famosa Billboard. E tudo começa com esse álbum. Então, vamos ver o que eles produziram.

01. Take on me.

Caso alguém ainda não tenha visto o vídeo dessa música, fica a sugestão. Muito bem feito e misturando animações com vida real, dentro de um roteiro de revistas em quadrinhos. Ideia original e que catapultou a música. Sobre a letra: Fala sobre um cara que está tentando se declarar para a menina, mas não sabe como. Ele fica desajeitado ao tentar falar com ela e acha que isso vai passar. Se ela não sabe como ele se sente, isso vai passar e ele vai embora (em um dia ou dois). Mas a vontade de se declarar existe e por isso ele comenta que é melhor estar seguro do que se desculpar. É a confusão para saber se o amor será correspondido. As coisas que ela fala fazem com que ele queira viver, ela é todas as coisas boas que ele guarda. E mesmo que ela desapareça ou queira ir embora, ele irá atrás dela de qualquer maneira. Mesmo sem saber se conseguirá se declarar. Engraçado que a faixa não relaciona-se com o vídeo, embora tenhamos um cara lutando para ficar com a menina ao final.

02. Train of Thought

Boa letra aqui. No início temos o cotidiano. Resolver palavras cruzadas no jornal, receber recados ao entrar no escritório (coisa de americano) e passar o dia trabalhando. Só que tem algo errado com essa pessoa. As palavras cruzadas de fato cruzam-se em sua mente, indo de um lado para o outro. Seus pensamentos são povoados por pessoas que ele não conhece e a mente, antes tão racional, agora percebe coisas além do que os olhos veem. Ele percebe um outro “eu”. Apesar disso, tenta seguir sua rotina. Leitura no metrô indo pra casa (haja livros), o som de uma música indecifrável ao fundo e a chegada em casa. Onde todos os dias ele tem uma percepção diferente do que é essa casa, o que ela significa. Seus pensamentos cercam-se por essas pessoas que ele não conhece e nenhum lugar onde ele foi se parece com esse onde ele está agora. Essas visões aparecem durante esse trem de pensamentos que é a mente. A letra é boa e é inspirada na leitura, pela banda (especialmente pelo Paul Waaktaar Savoy), de vários pensadores existencialistas como: Hofmo; Hamsun e Dostoevsky.

03. Hunting high and low

Essa é a balada do álbum. Não sei se a mais ouvida dele. A letra retrata um amor que não deve ser vivido, embora seja desejado. Ele começa lembrando como ela esteve ao alcance das mãos dele e como ela é mais doce do que eu imaginava e que é mais selvagem do que qualquer sonho. Mesmo assim, eu a olho ir embora. Curiosa a letra pois ao mesmo tempo em que parece claro que a separação existe, ele insiste que a procurará, que não há fim na distância que ele terá que percorrer para tê-la (o que reforça a ideia do amor impossível). Ele sonha em encontrá-la novamente, para sentir os corações juntos, e lembrar que ela é o amor mais doce que ele poderia querer. Ele continuará procurando-a. Claro que pode ser em vão. Ele justifica essa busca incessante com uma pergunta: “Você sabe o que significa te amar?”. Apesar disso, ela fala que ele deve ir embora. Então que ela o veja, uma última vez. Nem que seja para vê-lo chorando em pedaços. Essa é uma ótima balada. Curiosidade. A versão do álbum é diferente da versão do vídeo (nos arranjos).

04. The blue Sky

Continuação da faixa anterior, a garota se foi. O céu azul é o que resta e ele até tenta buscar outra companhia. Percebo isso nas referências e no modo como a letra foi escrita. A descrição do lugar com posteres de moças mas a moça que ele gostaria não está, copos de café de papel nessa cafeteria e quando aparece alguma moça, ele não a quer. Inventa desculpas de que ela riria do sotaque dele ou tiraria sarro dele. Apenas desculpas, uma vez que ele não está procurando companhia. Quer a companhia dela. É quando ele percebe que está sozinho no mundo e que deve contentar-se em olhar para o céu azul e torcer para que ele volte a ter significado.

05. Living a boy´s adventure tale.

Apesar de um bom título, a faixa fala sobre um homem que foi despejado pela esposa. Por isso ele inicia falando que arrumou um teto para dormir essa noite. Quando fala sobre as luzes em pares que passam por ele, refere-se à rua. Para amenizar, fala que é uma aventura. Destacaria o termo usado. Isso pode significar que vive uma aventura no sentido de estar sozinho e na rua, tendo que fazer de tudo para se recuperar e ter sua vida de volta, ou, pode significar que essa vida é uma aventura, pois ele não está satisfeito com ela (por querer a vida que foi cantada nas últimas faixas). Essa última teoria encontra reforço na letra quando ele fala que ficou perdido em tantos lugares, procurando amor em tantas faces. Ele agora vive uma aventura para meninos e é por causa dela. Ao final, ele lembra que ainda a ama, de diversas maneiras. Poxa, ele deixa claro que essa não é a vida que ele quer. Mas como a moça tinha que ir embora, ele apenas não está conseguindo superar.

06. The sun always shines on T.V..

Essa não precisa de um texto para explicar. Música que fala sobre a televisão e a trata como o quarto poder (aliás, ótimo filme). Não consigo pensar como, ainda hoje, ela possui de fato esse poder. Quantas opiniões, quantas formas de pensar, quantas piadas, enfim. O que fazemos no nosso cotidiano que não é influenciado pela mídia televisiva? Embora as mídias sociais tenham grande penetração atualmente, a TV ainda é onde a maioria da população busca entretenimento durante as noites (especialmente). Bem, no contexto da música, que foi escrita em um dia chuvoso enquanto na TV um apresentador falava que lá, o sol sempre brilhava, temos uma faixa que segue a história contada em Take on me. Se ele precisava de ajuda, aqui ele deixa claro o quanto. Pede para ser abraçado, para que possa ficar perto de sua amada e longe dos problemas. Sozinho ele não consegue fazer isso. Se lembrarmos da história, ela se afastou por algum problema. Então ele argumenta que ela pode se aproximar sem medo, pois o sol sempre brilha na TV. É uma música de fuga. Quer criar um mundo apenas deles, onde não há problemas. Apenas os dois. É uma boa ideia. Impossível mas boa.

07. And You tell me.

Vamos para duas faixas curiosas. Primeiro temos uma faixa de cartada final. A moça acredita que ele não a ama. Bem, esse amor é tudo que ele tem. Se é preciso provar, então, vamos provar. Ele vai ao encontro dela, sem se preocupar com consequências. Ele já tentou provocar ciúmes nela (de fato, procurou outras pessoas que não ficaram) com o objetivo de fazer com que ela ficasse com ele. Ele fala que as noites são mais escuras sem ela e por isso, ele vai até ela. Pra ficar, dessa vez. E ela ainda fala que ele não a ama. Bem, aqui é a insanidade falando. Se não é para estar junto, deve haver um motivo. Entenda-o e afaste-se. Mas essa faixa não é curiosa sozinha. Tem continuação.

08. Love is reason.

Nem um matemático insinuaria tal afirmação. O amor pode ser tudo, menos razão ou racional. Então essa faixa complementa a outra pois quando ele arrisca tudo, o que ouve é que ele deve ir embora. E ele entende, visto que amor é racional, irá sofrer, vai sentir que morre um pouco a cada dia distante dela, mas se o amor é razão, é a racionalidade da situação que o faz partir e não mais incomodá-la. Tá. Entendo. E até concordo. Não que o amor é racional mas sim, com o fato de não devemos estar guiados sempre pela emoção. A razão deve ser ouvida também.

09. I dream myself alive.

Faixa de lamentação. Embora ele relembre que ambos estavam perseguindo seus rabos (cachorro correndo atrás do rabo) e que isso teria que acabar, ele imaginava que terminaria com ela o escolhendo. Mas aconteceu ao contrário. Então ele coloca na letra que sonhava com ele vivo (vivendo) mas como não é possível, então quebre meu coração e sonhe comigo vivo. Desde o início eu sabia que essa garota quebraria meu coração (mentira) mas ainda alimentava o sonho de estar vivo. Essa vai no mesmo tom do love is reason. Se ele soubesse que não ia dar certo, não deveria ter investido tempo nisso. Claro que não se sabe se da certo ou não. O tempo e a convivência dá esse tipo de certeza (e mesmo assim, as vezes ainda aparecem uns imprevistos). Mas, pelo menos ele quis viver o amor ao lado dela.

10. Here I stand and face the rain.

Se a anterior era pra lamentar, essa aqui mistura um pouco. Ele apela uma última vez para que ela não desista dele, lembra que o amor dela é tudo o que ele precisa para ser feliz e quer estar com ela para sempre. Se não é possível que sejam um, que ao menos sejam amigos. Que ele irá se afastar de qualquer tentativa de relacionamento amoroso, mas que possam ficar juntos, como amigos para sempre. Que a chuva venha e acabe comigo (chuva sempre faz uma referência linda para a tristeza) mas isso não é importante. Eu sei que nada será como um dia foi mas fique comigo. Seja minha amiga. Ele espera que os dois acreditem nessa história. Nem sempre é tão fácil assim separar o que é do que o que gostaria que fosse. Talvez ele tenha razão. O amor é racional, afinal.