Texto 06

Texto 06

Vovin

Sexta postagem: Vovin - Therion.

Não sei se essa será a postagem mais cultural de todas mas certamente ficará em um pódio envolvendo os três primeiros colocados. Esse é um álbum excelente se você gosta de estudar. Certamente Therion aparecerá em outros textos pois a característica principal dos álbuns é contar uma história cercada de mitologias (sim, no plural). Se não conhece a banda, sugiro que comece por aqui. Insisto que é para quem gosta de estudar. Se atende esse requisito, certamente irá deliciar-se durante as faixas e gostará de conhecer outros trabalhos desse grupo. Vamos começar nosso passeio? Prepare os livros de História.

1. The Rise Of Sodom And Gomorra.

Está com as vestimentas para acompanhar uma ópera? Ainda bem que não. O início engana. Perfeita harmonia entre a soprano e o coral para cantar a ascensão de Sodoma e Gomorra (lá da Bíblia mesmo) e diversas referências a mitos de diversas regiões fazem dessa suave música uma introdução majestosa. Fica a sugestão para que busquem a letra e façam algumas pesquisas para entender o que acontece aqui;

2. Birth Of Venus Illegitima.

Achou a faixa anterior boa? Essa é melhor. Agora vamos falar sobre Afrodite (que é Vênus) e do despertar da feminilidade. Sim. É possível entender a música com essa intenção desde que interpretemos que a saída de Afrodite da concha vem seguida por desejos e pecado, o que causa sua expulsão do paraíso. Não imagine que faço o comentário afirmando que o despertar da feminilidade é algo pecaminoso mas sim, entendendo que esse despertar traça uma mudança importante nas mulheres e, cá entre nós, na forma como os meninos olham para as meninas.... ahhh Vênus...;

3. Wine Of Aluqah.

Vamos estudar mitologia, de novo? Mitologia semita agora... Vamos ao mundo dos vampiros. Essa música tem uma razão para ser mais agitada que as anteriores. Aluqah entende que há mais no paraíso do que lhe é contado. Ao ler o Livro, acredita que tudo lhe é permitido e é punido. A velocidade da música leva-nos ao transtorno mental de Aluqah. Onde entram os vampiros? Ahh, lembre-se do convite inicial. Vamos estudar mitologia semita. Deixo a dica que essa faixa relaciona-se com a Vênus (Lilith?) da faixa anterior;

4. Clavicula Nox.

Chaves da noite certo? Vamos estudar Latim? Quando comentei que esse seria, talvez, o álbum mais cultural eu não estava mentindo. Aqui temos uma faixa serena onde buscamos nos encontrar. Temos as chaves da noite mas buscamos a luz para que nos guie dessa mundo sombrio em que estamos. Seria uma faixa clichê, não fosse o contexto até o momento. Claro que há relação entre as faixas e ao encontrarem alguma imagem da chave, entenderão essa relação;

5. The Wild Hunt.

Faixa muito rápida. A caçada iniciada na faixa anterior começa mas não é em um ambiente muito seguro. Convenhamos, nenhuma viagem dentro do lado escuro procurando uma luz é segura. Temos a determinação de continuarmos a busca pelo nosso "eu" enquanto criaturas das trevas tentam nos impedir de alcançar esse objetivo. O álbum fica mais denso ao tentar mostrar essa dualidade interna bem contra o mal e questiona se lutamos ou nos rendemos. Considero interessante como os conflitos que sentimos aparecem nesse álbuns. Ainda bem, pois justifica o nome do espaço em que os estou colocando;

6. Eye Of Shiva.

Caso tenha estudado as faixas, conforme sugerido, não vai estranhar essa faixa. Não irei explicar muita coisa para não encorajar a preguiça nesse momento. Lembrando da Clavicula Nox, aparece Shiva para encerrar a busca iniciada nas outras faixas. Vamos estudar mitologia Hindu? Música não é apenas entretenimento, é conhecimento;

7. Black Sun.

Essa mitologia tá ficando perigosa. Dentro do contexto esse sol negro é chamado de Sorath. Dessa vez vou poupar-lhes da pesquisa. Sorath é um demônio chamado de sol negro do conhecimento. Lembra que o conhecimento sempre é tratado como algo que nos tira de um lugar bom? Essa metáfora é resgatada nessa faixa com a aparição de Sorath. Esse sol negro vindo à Terra vai se relacionar lá com a primeira faixa, pois Sodoma e Gomorra foram destruídas pelo fogo. Intensiva aula de História por aqui;

8. Draconian Trilogy - Part I: The opening.

Parte 1? Serão três parte de uma ópera para tratar desse dragão. Então aqui na primeira faixa vamos apenas dizer "Lepaca Draconis tarados Nox". Não confundir com Draco de Atenas e suas leis severas. Aqui a tradução do Latim fica "Glória ao dragão da dispersão e da luz " e então seguimos para a próxima faixa;

9. Draconian Trilogy - Part II: The Shining Star.

Que o dragão desperte vindo das profundezas da ignorância e ilumine os cegos. Farei uma referência aqui com uma história em quadrinhos chamada Lúcifer: Estrela da manhã, escrita pelo genial Neil Gaiman. Acredito que há uma relação pois o dragão não é uma criatura do bem ou de libertação. Vamos para a última faixa da trilogia para vermos onde chegamos;

10. Draconian Trilogy - Part III:

Agora o dragão fortalece todos os anjos caídos e os tira do paraíso trazendo à terra. Com a finalidade de completar a profecia (Sodoma e Gomorra). Afinal, o dragão estava a serviço de quem? Após a destruição, temos um lindo violino velando os que se foram ante a fúria da criatura;

11. Raven Of Dispersion.

Vamos estudar a cabala? Pois é. Dependendo da versão do álbum, essa é a última faixa. Como eu tenho o álbum com a faixa bônus, andaremos um pouco mais. Sobre essa lembramos da destruição e a missão do dragão encerrou. Agora, o corvo (simbologia da morte) voa e busca outros horizontes. Olha só que fechamento. Lembra que havia algo perdido buscando salvação? O que trouxe a salvação na verdade foi um dragão de destruição e que liberta apenas após testemunharmos o cumprimento da profecia com o fim das duas cidades desobedientes. Fantástico. E o que a cabala tem a ver com isso? A'arab Zaraq é o corvo da dispersão. Pensem sobre isso;

12. The King.

Chegamos ao fim. O problema das faixas bônus é que muitas vezes a banda conta uma narrativa consistente durante todas as faixas e chega no bônus e ela não tem relação com as anteriores. É o caso. Se você comprar o álbum que tem 11 faixas. Sem problemas. Se pegar esse igual ao meu, essa é a faixa pra pensar em outras coisas. Música para pensar sobre a vida. Sobre aquelas vezes em que trabalhos ou vivemos sozinhos por acharmos que conseguimos fazer tudo e de repente, perdemos nossa coroa por não termos seguidores. Não estraga o álbum mas a relação se perde.

Resumo do álbum. Texto grande esse. Necessário para tentar justificar a entrada do álbum aqui. Trata-se de música agradável aos ouvidos e que proporciona conhecimento sobre diversas mitologias (que na verdade traduzem tão bem os pecados humanos) e portanto, nos faz refletir. Espero que deem uma chance e permitam-se gostar da sugestão trazida. Até a próxima.